O protesto de um grupo de moradores de diversos bairros de Caxias, contra reintegração de posse, nesta terça-feira, em frente à prefeitura, terminou em confusão e terá desdobramentos nos próximos dias. Manifestantes e Guarda Municipal entraram em confronto e pelo menos uma pessoa ficou ferida.
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores realizará ainda nesta semana uma reunião extraordinária e pretende encaminhar representação ao Ministério Público (MP) para que investigue suposto abuso da Guarda.
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A intenção, conforme o vereador Rodrigo Beltrão (PT), é ouvir moradores que participaram do ato e membros da administração municipal para levantar informações.
– No meu entendimento, foi uma arbitrariedade, foi claro abuso do poder. O direito de acessar à prefeitura a partir das 10h é de qualquer um. E não dá para ter essa atitude onde há crianças e idosos – diz Beltrão.
A ação, por orientação do governo, foi filmada. As imagens, conforme o chefe de Gabinete, Júlio César Freitas da Rosa, estão sendo analisadas para verificar se houve abuso.
Reação
A versão de Rosa é de que a Guarda teve de utilizar força para reprimir os manifestantes quando eles tentaram avançar sobre o cordão formado pelos guardas na porta de entrada da prefeitura.
– Qualquer abuso que seja identificado, seja por parte de manifestante, seja por parte da Guarda, será apurado e feito o devido encaminhamento legal da questão – garante Rosa.
A análise das imagens é coordenada pela Secretaria de Segurança. De acordo com o titular da pasta, José Francisco Mallmann, os guardas apenas reagiram a agressões verbais dos manifestantes.
– Qualquer exagero que possa ter sido cometido será apurado, não aprovamos qualquer forma de abuso de força – diz o secretário, que entrou em contato com a assessoria da Comissão de Direitos Humanos avisando que a situação era delicada em frente à prefeitura.
Tentativa de falar com Guerra
Com o tumulto em frente à prefeitura, a sessão desta terça-feira da Câmara de Vereadores terminou mais cedo. Conforme relatos dos próprios parlamentares, pessoas entraram no plenário da Casa pedindo ajuda. Após o fim do protesto, uma comitiva tentou conversar com o prefeito Daniel Guerra (PRB), mas não foi recebida.
Presidente em exercício do Legislativo, Alberto Meneguzzi (PSB) primeiro ligou para o secretário de Governo, Luiz Caetano, que informou que as imagens seriam analisadas e depois poderia falar com os vereadores sobre o episódio. Mesmo assim, Meneguzzi e outros colegas decidiram ir à prefeitura conversar com Guerra ou com o chefe de Gabinete.
– Todo mundo ficou preocupado. Pelos vídeos que vi, foi uma ação bem truculenta – destaca Meneguzzi.
Conforme Júlio César Freitas da Rosa, chefe de Gabinete, os vereadores não foram recebidos nem por ele nem por Guerra, porque já havia sido feito contato com Caetano:
– A Câmara tem de começar a se organizar nos seus movimentos. O primeiro contato foi por telefone do presidente em exercício da Câmara com o Luiz Caetano. Foi dito que assim que fossem analisadas as imagens, seria feito contato com o presidente da Câmara. Veio uma comissão querendo falar com o prefeito. Precisamos nos organizar. Já existia um contato entre presidente da Câmara e secretário de Governo.
Vereador volta a falar em impeachment
Antes da confusão em frente à prefeitura, o vereador Elói Frizzo (PSB) voltou a falar em impeachment do prefeito Daniel Guerra. Durante a sessão ordinária, Frizzo disse que a sequência de atitudes da administração municipal tem levado à quebra das relações com a comunidade caxiense.
O tumulto desta terça-feira, segundo ele, agrava ainda mais a situação.
– Estão se criando as condições para o impeachment. A questão com o vice virou piada nacional. A relação com a cidade inexiste. Ele está perdendo as condições de governabilidade – destaca Frizzo.