O comunicado de renúncia do vice-prefeito de Caxias do Sul, Ricardo Fabris de Abreu (PRB), dominou a pauta da sessão na Câmara de Vereadores na manhã desta terça-feira. Para a maioria dos parlamentares que se manifestaram sobre o assunto, a crise institucional e instabilidade do governo é gerada pela falta de diálogo do prefeito Daniel Guerra (PRB).
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No grande expediente, o vereador Rodrigo Beltrão (PT) pediu para o vice reconsiderar a decisão tomada. Para o petista, Fabris vinha tentando dar equilíbrio ao governo e era o interlocutor com o Legislativo.
– O prefeito não consegue ter a humildade de receber o representante da concessionária do transporte coletivo. A vaidade e a humildade se vê na falta de diálogo – diz Beltrão.
O petista também cobrou uma manifestação pública do prefeito Daniel Guerra (PRB).
Para o vereador Gustavo Toigo (PDT) a renúncia de Fabris demonstra que nunca houve sintonia no governo. Ele considera que a atitude traz prejuízo ao município.
– É um golpe no eleitorado caxiense que confiou e agora também começa a perceber as divergências que tentaram ocultar – afirma o pedetista.
O vereador Renato Oliveira (PCdoB) cobrou transparência sobre o pedido de renúncia e solicitou que Fabris rasgue o documento que anuncia a sua saída do governo.
– Gostaria que o Fabris dissesse a verdade daqui alguns dias. Nós ficamos triste com a saída do vice – ressaltou o comunista.
O vereador Édio Eloi Frizzo (PSB) iniciou sua manifestação ressaltando que a Câmara não pode desprezar o ato de renúncia anunciado por Fabris. Segundo ele, o momento é grave e diz que a medida tomada pelo vice é devido a principal característica do prefeito: a geração de conflitos.
– Essa Casa está com a responsabilidade acima de suas tarefas institucionais e as coisas estão nos atropelando – alertou o vereador.
Frizzo reforçou que o momento é grave e que a cidade vive do ponto de vista institucional.
– Ele se tornou prisioneiro do seu discurso – completou.
Perplexo. Assim o vereador Edson da Rosa (PMDB) definiu o sentimento ao saber sobre a decisão do pedido de afastamento de Fabris. Assim como Beltrão, o peemedebista defendeu que o vice-prefeito deve rever o seu posicionamento.
O líder de governo na Câmara, vereador Chico Guerra (PRB), preferiu, novamente, o silêncio durante a sessão. Ao ser questionado pelo Pioneiro, disse que Fabris fez um anúncio de renúncia e que “até pode voltar atrás” de sua decisão. Para o republicano, se for confirmada a saída de Fabris do governo não haverá nenhum problema porque o secretariado está bem estruturado.
– Mesmo faltando o vice, não vai prejudicar o andamento dos serviços na prefeitura. Não podemos culpar a postura dele, porque tem o direito de não gostar da política e solicitar a renúncia – destaca Chico Guerra.
Fora de sintonia
Pelo menos três vereadores que se manifestaram da tribuna preferiram abordar outros assuntos, mesmo diante da crise política do governo Guerra. Neri, O Carteiro (SD), Alceu Thomé (PTB) e Kiko Girardi (PSD) trataram, respectivamente, sobre outros temas como as ameaças que os funcionários da Visate ouvem dos usuários do transporte coletivo, a resposta do pedido de informações sobre os valores dos aluguéis dos prédios públicos e sobre o repasse de recursos do governo para os hospitais caxienses.
– Vou me esquivar desse assunto (sobre o pedido de renúncia de Fabris) – disse Kiko.