O velório do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki não teve multidões, já que o homem a ser sepultado era um juiz bastante discreto e não um político dado às luzes da ribalta. O tempo reservado para que populares se despedissem de Teori Zavascki foi curto e a segurança, espartana. Todos passavam por detetor de metais.
Mas, apesar da revista minuciosa, o adeus a Teori Zavascki serviu para congregar visitantes ilustres, política e conversas de bastidores como há muito não se via na capital gaúcha. Passaram em frente ao esquife do ministro figuras delatadas na Lava-Jato – como o próprio Temer e o ministro José Serra (PSDB) – e o homem responsável por desencadear essa que é a maior operação anti-corrupção da história brasileira: o juiz paranaense Sergio Moro. Como é de seu estilo, evitou polêmicas e confiou que será encontrada "uma solução institucional" para a continuidade da Lava-Jato no STF.
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Moro chegou a ser alvo de algumas reprimendas de Teori por ter liberado grampos telefônicos para a imprensa antes dos suspeitos terem acesso às gravações, mas parece não ter guardado mágoa. O magistrado elogiou Teori e o chamou de "herói do povo brasileiro".
Moro deixou Porto Alegre pouco antes de Michel Temer chegar. O presidente desembarcou às 13h e ficou pouco mais de uma hora na cerimônia fúnebre, acompanhado de um séquito de ministros que atuam no núcleo político do governo: José Serra (Relações Exteriores), Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Alexandre Moraes (Justiça). Todos se alinharam em frente ao caixão de Teori. O presidente tocou no esquife (fechado e ornamentado com a bandeira do Brasil) e fechou os olhos.
Acompanharam também Temer na visita o governador gaúcho José Ivo Sartori (PMDB), o secretário estadual da Segurança Pública, Cezar Schirmer, e o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB).
Um dos temores dos seguranças, a de que manifestantes provocassem um incidente durante o velório de Teori Zavascki, não se concretizou. A cerimônia transcorreu com total calma.
Temer foi pródigo em elogios ao morto. Falou que Teori era "um homem de bem, de têmpera, de ação moral e profissional". O presidente da República considerou que o Brasil chora a perda de um homem que honrou a memória do país.
– Que Deus o conserve e console o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde ele viveu – finalizou Temer.