Daniel Guerra (PRB) assume domingo a missão de governar a segunda maior cidade do Estado nos próximos quatro anos. Eleito em segundo turno com 148.501 votos, ele será o 18º prefeito de Caxias do Sul. O primeiro chefe do Executivo foi Miguel Muratore, nomeado em 1930. O primeiro prefeito eleito foi Dante Marcucci, em 1935. Antes, a cidade teve uma junta governativa em 1890 e 16 intendentes no período entre 1892 e 1930.
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Com a posse no domingo, Guerra entra para a galeria que conta ainda com os nomes dos ex-prefeitos Eduardo Ruiz Caravantes, Demétrio Niederauer, Luciano Corsetti, Euclides Triches, Hermes João Webber, Ruben Bento Alves, Bernardino Conte, Armando Alexandre Biazus, Victório Trez, Mário Bernardino Ramos, Mário David Vanin, Mansueto Serafini, Pepe Vargas, José Ivo Sartori e do atual, Alceu Barbosa Velho.
Será a primeira experiência de Guerra como prefeito – o vereador, que está finalizando seu segundo mandato, foi também secretário municipal de Turismo entre 2005 e 2008. Por isso, o Pioneiro pediu aos ex-prefeitos de Caxias e ao atual, que encerra o mandato neste sábado, que dessem conselhos ao estreante. Confira o que Mansueto, Pepe, Sartori e Alceu têm a dizer a Guerra.
-> Se o senhor pudesse dar um conselho ao novo prefeito de Caxias do Sul, qual seria?
Mansueto Serafini (PTB), prefeito entre 1977 e 1982 e 1989 a 1992
"Ele vai pegar uma situação, parece, difícil. Lembro que, quando assumi pela segunda vez a prefeitura, também não tinha dinheiro para pagar a folha. Então, nós precisávamos fazer economia total e conseguimos reverter a situação do município. Acho que o Guerra deve dialogar com toda a sociedade. Lembro que, quando fui prefeito também pela segunda vez, eu tinha seis vereadores (da base) e 15 (de oposição). A situação dele na Câmara de Vereadores é mais difícil, ele tem dois de 23. Então, o diálogo é fundamental para que ele possa conseguir viver os momentos difíceis que todo país vem atravessando, não é apenas Caxias. Então, é esse o conselho: diálogo com a comunidade, mostrar a realidade do município e pedir a colaboração de todos os caxienses, independentemente de partidos políticos, porque no momento em que a pessoa ganha o governo municipal, ela passa a ser prefeito de todos os caxienses, e não apenas daqueles que o elegeram."
Pepe Vargas (PT), prefeito entre 1997 e 2000 e 2001 e 2004
"Que ele aplique o programa de governo que ele defendeu. Acho que é essa a questão, ele vai ter que cumprir aquilo que falou na campanha, trabalhar para viabilizar isso. Acho que essa é questão central. O resto é capacidade de gestão, capacidade de diálogo com a sociedade. Não adianta dar conselho pra ele, se ele não fizer o que defendeu na campanha. Tem que se focar naquelas coisas que ele disse que resolveria, aquilo que ele falou que faria. Vai ter que se focar na gestão, priorizar os recursos nessas coisas que ele falou que resolveria e ter uma capacidade de dialogar com a comunidade. Quando assumi pela primeira vez, era um momento parecido com esse, de crise muito forte que foi só aumentando, cada ano a crise ia piorando, com desemprego alto, nenhuma possibilidade de conseguir recursos do governo federal. De 1998 em diante, ficou fechada a possibilidade de conseguir financiamento para obras viárias, de saneamento, habitação, qualquer coisa. Tinha que fazer tudo com recursos próprios. Era um momento parecido com o que ele vai enfrentar também, porque também é um momento de crise econômica, de desemprego."
José Ivo Sartori (PMDB), prefeito entre 2005 e 2008 e 2008 e 2012
"Entendo que não me cabe aconselhar o futuro prefeito de Caxias, nem qualquer outro gestor público. É preciso respeitar a autonomia e a construção específica de cada gestão no seu determinado momento. Mas falando em tese e não remetendo a nenhum caso específico, posso dizer, até pela realidade que nós estamos passando no governo do Estado, que os novos tempos exigem muito controle e rigor nos gastos para que o governo possa atender minimamente às necessidades básicas da sua comunidade, especialmente nas áreas da saúde, educação, segurança, infraestrutura e políticas sociais. Austeridade fiscal não é palavrão, deve ser considerada base para a viabilização de serviços públicos eficientes e de qualidade. Por fim, o esforço maior de uma gestão pública deve ser no sentido de atender às demandas das pessoas que mais precisam."
Alceu Barbosa Velho (PDT), atual prefeito
"O grande conselho é: não destrua as pontes pelas quais você vai ter que passar. O nosso próximo prefeito, na Câmara de Vereadores, foi uma máquina de dizer "não". Um projeto como o de geração de empregos, que era a ampliação da planta de uma empresa de Caxias, ele votou contra. Isso me deixou muito triste. O repasse da UAB (União das Associações de Bairros), que sempre foi feito, ele votou contra. O Plano de Cultura, ele votou contra. O que eu dou de conselho é que tem que mudar essa postura, tem que sair do palanque, descer do palanque. Agora, tem que agir como prefeito. As questões políticas, as desavenças políticas, isso tudo tem um foro próprio para ser resolver. Mas o município é maior que isso, e aí eu faço a grande pergunta e digo o que eu não desejo para ele: que tenha lá na Câmara, de 23 (vereadores), 21 Daniel Guerra. Já pensou se 21 vereadores que não são do partido dele pensarem e agirem como ele? Que desastre que isso vai ser. Tem que botar na cabeça que terminou a eleição e a vida continua. Muda essa atitude, senão vai se dar muito mal. Se ele colher 10% do que ele plantou na Câmara, ele já fica inviabilizado. Tem que rever posicionamentos. Não é vergonha para ninguém. Só não mudam de opinião os mortos. Nós todos podemos mudar de opinião, ainda mais quando é para o bem, para a construção."