– Me queira bem, que foi o meu voto que fez diferença!
Esta é a frase mais ouvida nos primeiros dias pós-eleição pelo prefeito recém eleito no município de Caseiros, Leo Cesar Tessaro (PMDB). A vitória do agricultor de 49 anos sobre o candidato do governo, Marco Jose Canali (PP), resumiu-se a um voto. A diferença é tão pequena que alguns moradores consideram empate técnico - no entanto, para quem irá governar o município de 3.174 moradores a partir de janeiro, a vitória é expressiva e digna de duas grandes festas de comemoração. Uma aconteceu no domingo à noite e outra, na noite de segunda-feira.
– Aqui a disputa sempre foi acirrada. A diferença é sempre de, no máximo, 20 votos. Nós imaginávamos que teríamos vantagem de uns 30 votos, nos enganamos – afirma o novo prefeito.
Foram 53 minutos de apuração nas 11 seções. Para acompanhar o resultado das urnas, a população ocupou a Praça Central Padre Paulo Corolli e dividiu-se nos dois grupos: os que apoiavam Leo ou Marco. Ainda que uma rádio local transmitisse os resultados, os cabos eleitorais de cada partido traziam os votos das seções manualmente, e o cálculo ora apontava a vitória de um, ora de outro. Difícil conter a emoção dos eleitores e da turma que trabalhou pela vitória:
– Uma hora o povo chorava porque parecia que íamos perder, depois se abraçava comemorando. É sofrido, parecia que não ia acabar nunca, mas foi muito emocionante. Umas 300 pessoas estavam aqui comigo – lembra o candidato que venceu.
A vitória do PMDB, em uma coligação com PDT, PSDB, PT e PTB, põe fim a um ciclo de 24 anos de administração do Partido Progressista, o PP. Os adversários deste domingo são velhos conhecidos, já que Leo foi vice-prefeito na chapa de Marco em 2008. Naquela ocasião, foram 24 votos de diferença que sagraram a vitória para a chapa Marco-Leo, que agora foram adversários.
– Nós íamos com a lista dos eleitores fazer campanha e imaginávamos que tal família votava em fulano. A disputa é voto a voto. Se sentíamos que perdíamos os votos de uma família, trabalhávamos para recuperar em outra. Foi o votinho da diferença –define.
"Diferença de mil e de um voto é a mesma coisa"
A eleição para prefeito pautou a conversa dos moradores durante toda a segunda-feira pelas ruas de Caseiros.
– A gente sempre fica pensando quem votou em um, quem disse que ia votar e não votou. Mas claro que cada tem direito de votar em quem quiser – afirma a empresária Claudete Zabot.
Ainda que o domingo fosse de clima bastante ameno, o período que antecedeu a votação envolveu uma campanha bastante intensa - alguns moradores a classificam como "pesada". No mercado de Luiz Cesar Munhon, o assunto não podia ser outro. Entre uma compra e outra, os moradores especulavam quem votou em quem. Mesmo assim, o comerciante diz que não há espaço para brigas na cidade, por tratar-se de um município com pouco mais de 3 mil habitantes.
– Eu acho que a vitória é dos dois, porque a comunidade se dividiu em duas parcelas iguais. A vitória foi dos dois, é quase um empate – opina Noraides Mognon, comerciante.
O adversário, o agropecuarista Marco Jose Canali, disse que para driblar a ansiedade da votação, preferiu acompanhar a de Caxias do Sul. Quando ficou sabendo do resultado que o colocou em segundo lugar, restou agradecer à comunidade pelos quatros anos de trabalho.
– Diferença de mil votos e de um voto é a mesma coisa. Se a sociedade quis assim, é assim que vai ser – resume.