O ex-deputado federal e presidente licenciado do Sindicato dos Metalúrgicos, Assis Melo (PCdoB), concorre pela segunda vez consecutiva à prefeitura de Caxias do Sul. Nesta entrevista, o ex-vereador e ex-deputado federal diz que o primeiro ato de seu governo será cortar 50% dos cargos de confiança da prefeitura e abre a possibilidade de estender o corte de CCs para a Codeca, a Fundação de Assistência Social (FAS), o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) e o Instituto de Previdência e Assistência Municipal (Ipam).O comunista apresenta propostas para a saúde, educação e segurança e critica a atual administração. Assis quer fortalecer o atendimento básico da saúde e abrir a UPA (unidade de pronto-atendimento) da Zona Norte, construir escolas de educação infantil em parceria com a iniciativa privada e reforçar a segurança da cidade com a ampliação do sistema de vídeomonitoramento.
Em vídeo, confira a íntegra do bate-pronto:
O comunista quer revitalizar o Centro da cidade. Entre as ações, está a proposta de converter a fiação aérea da Praça Dante Alighieri e da Avenida Júlio de Castilhos para subterrânea e transformar o espaço em uma área de convivência.O candidato comenta que pretende implementar congressos populares para ouvir a população sobre o planejamento de todo o orçamento do município. Ele ainda sugere que pode ouvir a população por meio das redes socais.
– Hoje, a sociedade não quer só votar, ela quer participar e contribuir com ideias. Temos que abrir esses canais com uma visão de uma cidade democrática e participativa.
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A seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao Pioneiro na manhã de quinta-feira.
Pioneiro: Caso seja eleito, qual será a prioridade do seu mandato? E qual seu primeiro ato?
Assis Melo: O primeiro ato será cortar 50% dos CCs e contratar 80 médicos. Isso está nas mãos do prefeito, que é determinar quantos cargos de confiança (a prefeitura) terá.
O Plano Diretor será revisado em 2017. No seu entendimento, o que não pode faltar nesta revisão?
A participação do povo. A questão urbana e a mobilidade têm que ser levadas em conta em um Plano Diretor. A questão da lei do uso do solo, do uso social da terra. Um Plano Diretor tem que estar vinculado à democratização do uso da terra. Tem que ter fóruns e que a população como um todo possa participar.
A qualidade do transporte coletivo em Caxias do Sul é satisfatória?
Eu acho que não. Temos várias dificuldades do ponto de vista do transporte. Hoje, os trabalhadores da Visate vivem sob pressão, porque há uma tentativa de tirar o cobrador e colocar o motorista com uma tarefa ainda maior. Isso precariza o trabalho e traz uma insegurança para o próprio usuário. Além disso, o atendimento ainda tem imperfeições. Ele precisa ser um transporte de massa, mas que tenha cada vez mais uma qualidade para atender o maior número da população para que possa usar o transporte coletivo e deixar o seu carro para ser usado em outras circunstâncias, e não no dia a dia.
A concessão do transporte coletivo vence em maio de 2020. O que precisa ser garantido pela futura concessionária?
Além da qualidade do transporte, a gente precisa de uma nova concessão. No refazer o debate sobre a concessão, vamos ver se vão ter outras empresas. É uma questão que precisa também ter uma participação muito forte dos próprios usuários para discutir que tipo de transporte coletivo vai ter na nossa cidade.
A cidade precisa de obras e de outras ações para melhorar o transporte público e a mobilidade urbana?
Precisa. Esta administração disse que ia fazer viaduto, túnel, terceira perimetral. Não fez e não se fala nisso nessa campanha. Está resolvido o problema de infraestrutura da cidade? Eu acho que não. É preciso que a gente procure entender que há necessidade de obras no perímetro urbano e também o que é necessário para ter a infraestrutura para o transporte dos produtos da nossa cidade e da região.
Como melhorar o atendimento à população na rede pública de saúde?
Além de contratar mais profissionais, tem a questão da UPA da Zona Norte. Acho que precisa colocar em funcionamento para que a gente possa ter um atendimento. Também fortalecer o atendimento básico da saúde. Podemos trabalhar muita na prevenção para que a gente não precise atuar exclusivamente só a doença. Trabalhar na prevenção da saúde que é importante.
O senhor tem proposta para dinamizar ou revitalizar o centro histórico da cidade?
Essa é uma proposta bem concreta do Centro e da Júlio de Castilhos. Nós pretendemos trabalhar a questão da fiação subterrânea. Tirar toda a fiação aérea que tem hoje e fazer não só na praça e na extensão da Júlio. Claro que isso aos poucos, não vamos fazer tudo num só tempo. Mas colocar fiação subterrânea e fazer da Júlio um grande calçadão para que as pessoas que venham ao Centro tenham condições de circular. Mas as que moram no Centro também tenham condições de lazer e de usufruir de um local de passeio, de descanso e de convivência.
Como vai tratar o comércio ambulante?
São questões que precisam ser tratadas, mas sempre com discussão, e não com repressão. Hoje, as necessidades, infelizmente, das pessoas que buscam a sobrevivência, eles procuram essa condição de vender produtos. Precisa que o poder público possa resolver essas questões sem estar reprimindo demasiadamente essas pessoas. Nós precisamos constituir condições de dar uma dignidade para as pessoas. Acho que o comércio ambulante não é um comércio que dê dignidade para a pessoa, além de criar esse conflito com aquela que tem sua loja legalmente e paga o seu imposto. Talvez a gente tenha que buscar condições melhores de atendimento a essas pessoas que trabalham com o comércio ambulante e busque a venda de produto dentro de uma condição legal.
A iluminação pública está em boas condições? Como o senhor vai cuidar da iluminação pública?
A iluminação pública agrega na questão da segurança. Quando tu tens uma praça bem iluminada e a rua está bem iluminada, as pessoas que circulam nela se sentem seguras. Isso tem que ter um cuidado especial porque nos dá uma condição melhor de vida para o cidadão.
E como garantir calçadas em condições?
Temos que procurar dentro da legislação que o usuário possa cuidar do passeio público. Temos que fazer de fato que a nossa cidade possa ter condições de o pedestre andar no passeio público com tranquilidade. Temos que ter um cuidado especial com as calçadas e com a manutenção em geral da cidade.
Qual a principal ação que o senhor pretende implementar para ajudar no combate à insegurança?
Trabalhar essa questão da Guarda Municipal de circular nas escolas, o monitoramento das sinaleiras e monitorar regiões com câmeras de vídeo. Isso ajuda a termos uma visão mais ampla da cidade e vai dar condições para que a gente possa ajudar os outros órgãos de segurança. E também as pessoas, que terão uma segurança melhor. Essas são ações que a gente pode fazer dentro das condições do município.
Quantos CCs o senhor vai cortar?
Nós temos a proposta de (cortar) 50% na prefeitura. Mas acho que a gente também pode reduzir nos outros órgãos, tipo Codeca, no Samae, na FAS e no Ipam. O CC é necessário, mas não na quantidade que tem hoje na prefeitura.
O Orçamento é enxuto e boa parte é comprometida. De onde sairá o dinheiro para as ações que o senhor pretende implementar?
Se tu reduz o número de CCs, tem condições de contratar 80 médicos. Nas creches, vamos procurar trabalhar com parceiras com a iniciativa privada para que ajude na construção das creches e no atendimento, como é feito hoje com entidades que possam prestar o serviço.
Como o senhor vai ouvir a população?
Nós temos a proposta do orçamento participativo - que as pessoas participem não só de uma parte, mas do planejamento do orçamento como um todo. Também trabalharemos a questão de congressos populares para que as pessoas possam estar participando. E usar as redes sociais para que as pessoas possam opinar e ajudar nisso. Hoje, a sociedade não quer só votar, ela quer participar e contribuir com ideias. Temos que abrir esses canais com uma visão de uma cidade democrática e participativa.
Como garantir as vagas necessárias para a educação infantil?
Precisamos construir as vagas, construir creches. Vamos procurar junto à iniciativa privada parceria na construção das creches.
Qual sua principal ação para estimular a criação de novos empregos?
O emprego é importante na vida dos cidadãos e procuramos não só do ponto de vista da questão da inovação tecnológica, junto com o Trino Polo e com a universidade, mas também o investimento do município no turismo. Hoje, o emprego tanto no comércio, como no serviço são fontes que geram empregos importantes. Investir no turismo, e especialmente no turismo de negócios, a gente consegue agregar a questão do emprego. A outra questão é trabalhar junto com o governo federal e governo do Estado para que a gente possa constituir e fortalecer o nosso polo industrial e produtivo não só de Caxias, mas da região. Isso vai gerar empregos importantes para a nossa região.
O PCdoB foi contra o impeachment da presidente Dilma desde a primeira hora. Essa marca não dificulta o convencimento do eleitor para as propostas do candidato do partido?
Acho que não dificulta. Nós estamos dialogando com os trabalhadores e é importante que a gente diga que o golpe não foi contra a Dilma. O golpe foi contra a nação e o direito dos trabalhadores. É preciso que nós reajamos, nos posicionemos, esclarecer os trabalhadores para que se mobilizem em defesa de seus interesses e direitos.
Qual a marca que o senhor pretende deixar com seu mandato?
Vai ser a marca de uma Caxias que se desenvolva, que cresça e que seja democrática. Um trabalhador pode administrar para todos. É isso que queremos deixar e vamos fazer um esforço para que essa marca da competência, do zelo pela máquina pública e que presta um serviço de qualidade.