Em reação ao sexto parcelamento consecutivo dos salários, as entidades de classe dos servidores estão convocando operação-padrão em todos os órgãos públicos. A exemplo do que já estão fazendo policiais civis e brigadianos, a ideia é manter a mobilização até que a folha de pagamento de julho seja quitada, o que, pelas estimativas do governo, deve ocorrer até o dia 19.
Nos bastidores, a cúpula do Palácio Piratini já admite que será inevitável continuar parcelando as remunerações do Poder Executivo até dezembro. Na semana passada, a medida foi adotada pela sexta vez consecutiva, com repasse de R$ 980 no primeiro dia. A totalidade dos contracheques só deverá ser quitada no dia 19, sendo que, em junho, isso ocorreu no dia 12. Para piorar, a partir de agosto, existe o risco de sobreposição de folhas.
Segundo o presidente da Federação Sindical dos Servidores (Fessergs), Sérgio Arnoud, a orientação repassada pela entidade ao funcionalismo é manter apenas os atendimentos essenciais. Nas escolas, o Cpers sugeriu a redução da jornada de trabalho, com liberação dos estudantes antes do encerramento do horário letivo.
– Se o governo paga parcelado, vamos trabalhar de forma parcelada também. O serviço só voltará ao normal após o pagamento de todos os salários – diz Arnoud.
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O calendário de manifestações ainda está sendo discutido pelas entidades, mas praticamente todas as categorias já confirmaram adesão à paralisação prevista para quinta-feira. Na ocasião, os servidores pretendem cruzar os braços das 6h às 21h. Não haverá aula nas escolas, as forças da Segurança trabalharão com contingente mínimo e a rede de saúde só atenderá casos de emergência.
A Fessergs também organiza um abraço ao prédio do Instituto de Previdência do Estado (IPE), na tarde da próxima segunda-feira, e a organização de caravanas pelo Interior, em convocação a uma grande manifestação a ser realizada na Capital, em setembro.
Ainda na última sexta-feira, algumas entidades procuraram a Defensoria Pública do Estado, pedindo o ajuizamento de ações para que eventuais faltas dos servidores ao trabalho sejam abonadas. No mesmo dia, cerca de 150 brigadianos deixaram de policiar as ruas. Operações policiais e de inteligência também estão suspensas.
A orientação é que os servidores só trabalhem com equipamentos em perfeitas condições. Viaturas com defeito ou coletes à prova de bala vencidos são justificativa para que os policiais permaneçam nos quartéis e delegacias.
Procurada, a assessoria de comunicação do Palácio Piratini não atendeu as ligações de ZH ontem. Na sexta-feira, o comando da Brigada Militar havia divulgado nota orientando todos os policiais militares em posição de comando a agir "com responsabilidade, sensibilidade e bom senso frente às diversas circunstâncias que estão se apresentando, para que as atividades de policiamento ostensivo e o atendimento ao 190 não sejam prejudicados".