A morte do ex-prefeito de Bento Gonçalves e candidato pelo PT na eleição deste ano, Roberto Lunelli, sábado, em um acidente de trânsito, não deixará o partido fora da disputa deste ano à prefeitura. Nesta segunda-feira, duas reuniões foram realizadas para definir o rumo da candidatura: a primeira, com a executiva do PT, e a segunda, com o PCdoB, do candidato a vice, Paulo Wünsch. A coligação Bento mais humana é composta ainda pelo PTdoB.
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Embora "sem chão" por conta da fatalidade, o presidente do PT de Bento, Juventino Milesi, entende que o melhor é não esperar até o dia 30 para apresentar um nome para substituir Lunelli. A intenção é agilizar o processo, até para não prejudicar os candidatos a vereador, que precisam da definição para encaminhar o material de campanha. O prazo para nova indicação é de 10 dias.
Conforme Milesi, o plano de governo, construído com Lunelli, será mantido. Segundo ele, é uma obrigação moral dar continuidade às propostas do ex-prefeito. Se vencerem a eleição, será compromisso retomar de imediato as obras do Hospital do Trabalhador, prioridade do petista. Lunelli queria começar um possível novo mandato pela construção da instituição hospitalar.
– Isso dá mais força, pensar nas propostas, pensar na pessoa do nosso ex-prefeito. Vai nos dar mais força lembrar do cara brincalhão que ele era – completa Milesi.
Para Evandro Speranza, candidato a prefeito pelo PDT e amigo de Lunelli, a morte do ex-prefeito é uma grande perda para a cidade. Sua ausência no pleito deste ano será sentida, no entanto, ele ainda não sabe dimensionar o impacto que terá na campanha eleitoral:
– Eleições se decidem em ideias, e não tinha começado ainda o debate de ideias – avalia.
O prefeito de Bento e candidato à reeleição pelo PP, Guilherme Pasin, prefere não comentar a mudança que a morte de Lunelli pode trazer para a eleição de outubro.
– É um pouco constrangedor falar sobre isso, estamos ainda num momento de luto. Não seria adequado me manifestar – resume.
O candidato do PMDB à prefeitura, Cesar Gabardo, não foi localizado pela reportagem para comentar o assunto.
Episódio lembra eleição presidencial de 2014
Em 2014, às vésperas da eleição presidencial, o então candidato do PSB, Eduardo Campos, morreu em um acidente de avião. Sua vice, Marina Silva, o substituiu na disputa e acabou crescendo nas pesquisas por conta da comoção. Para o doutor em Ciência Política João Ignácio Pires Lucas, esse feito também pode ocorrer em Bento Gonçalves, principalmente neste primeiro momento, mas a tendência é reequilíbrio com o passar dos dias.
– Dependendo dos desdobramentos que tivermos, isso produz impacto, até porque era um candidato que já tinha sido prefeito. Com certeza, altera num primeiro momento a própria configuração da eleição. Claro que depois, como esse episódio trágico aconteceu a bastante tempo da eleição, a dinâmica deve retomar normalidade. Mas num primeiro momento é bastante impactante – analisa.
O cientista político também destaca que um possível crescimento do nome que venha a substituir Roberto Lunelli pode acabar atraindo os ataques dos adversários, já que a tendência é "bater" em quem está melhor colocado na tentativa de fazer o candidato perder votos.
– Usando o exemplo da eleição presidencial mais uma vez, a Marina não era o foco nas atenções. Quando começou a ganhar projeção, passou a ser bombardeada e isso contribuiu também para que retrocedesse a ponto de não chegar ao segundo turno – lembra.