Manifestantes contra o impeachment de Dilma Rousseff se reuniram em Porto Alegre e em outras capitais do Brasil nesta segunda-feira. Os eventos acontecem no mesmo dia em que a presidente afastada é ouvida pelos senadores em sessão no Congresso. Entre as capitais, o ambiente mais conturbado se deu em São Paulo, onde a PM usou bombas para conter manifestantes na Avenida Paulista. Em Porto Alegre, a chuva atrapalhou a reunião.
Na capital gaúcha, os participantes do ato se reuniram a partir das 17h no Largo Glênio Peres, no Centro, em protesto organizado pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo sem Medo. Abaixo de chuva, ouviram políticos como Raul Pont (PT) e Silvana Conti (PC do B) e representantes de órgãos como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da União Nacional de Estudantes (UNE).
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– Estamos na chuva para entrar na história. As mudanças que os golpistas querem não passarão – disse o presidente do PT de Porto Alegre, Rodrigo Oliveira.
Durante pouco mais de uma hora, os discursos lembraram os argumentos apresentados por Dilma no Congresso e denunciaram o chamado "golpe parlamentar". Os organizadores estimam que cerca de 2 mil pessoas passaram pelo local durante o protesto. Entre os presentes estavam o candidato do PT à prefeitura de Porto Alegre, Raul Pont, e a vice de sua chapa, Silvana Conti (PC do B).
São Paulo: foco na Fiesp e repressão policial
Na Avenida Paulista, a manifestação teve clima tenso. A Polícia Militar (PM) chegou a usar bombas de efeito moral para impedir que os manifestantes se aproximassem do prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), entidade que os dois movimentos consideram "patrocinadora do golpe" contra a presidente afastada.
A caminhada começou por volta das 18h20min, na Praça do Ciclista, que fica na Paulista, e tinha como intenção ir até a sede da Fiesp, situada na mesma avenida. A PM fez um bloqueio para evitar que os manifestantes chegassem ao prédio da entidade. Quando estes se aproximaram do bloqueio, por volta das 18h50min, os policiais soltaram bombas de efeito moral. Os participantes da passeata correram então para o vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), que fica perto do prédio da Fiesp.
O major Teles, responsável pelo policiamento da região nesta segunda-feira, disse aos jornalistas que a PM soltou as bombas porque os organizadores não tinham informado qual seria o trajeto da manifestação. A PM não fez estimativa sobre o número de participantes do protesto, estimado pelos organizadores em 2 mil.
Rio de Janeiro: pouco mais de 300 pessoas
Cerca de 300 pessoas se reuniram em frente à Igreja da Candelária, no centro do Rio, em protesto convocado pelas organizações que compõem a Frente Brasil Popular, como sindicatos, associações de estudantes e movimentos sociais que defendem os direitos de minorias. Os manifestantes gritam "Fora Temer" e defendem a permanência de Dilma na Presidência.
O número de manifestantes é menor do que em outras cidades grandes, como São Paulo, porque a transmissão do interrogatório de Dilma no Senado, iniciada de manhã e que deve ir até o fim da noite, "roubou" público, acredita a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), que participa do protesto. Os participantes planejam seguir pela Avenida Rio Branco em passeata.
– Nosso objetivo é fazer mobilizações todos os dias. Muita gente não veio porque está acompanhando (a sessão no Senado) pela TV. Dilma está se saindo muito bem, segura e firme. O fato de estar acompanhada de amigos, como Lula, seus ministros e o Chico Buarque, a deixa confortável. Ela não deixa nenhuma pergunta sem resposta. Está lá por respeito à democracia, ao contrário de quem quer tirá-la da presidência. A receptividade está sendo boa – avaliou Benedita da Silva.
Brasília: protesto na Esplanada dos Ministérios
Na capital federal, cerca de 1,5 mil manifestantes (segundo a PM), fazem manifestação contra o processo de impeachment na Esplanada dos Ministérios, de acordo com o jornal O Globo. Com bandeiras, faixas, cartazes e a ajuda de um carro de som, os participantes do ato mostram seu apoio à presidente afastada e criticam o presidente interino Michel Temer e o senador Aécio Neves.
Alguns manifestantes se sentam nas arquibancadas montadas para a celebração do 7 de Setembro. Há caravanas de várias partes do país acampadas em Brasília para acompanhar o julgamento final do processo de impeachment.
Florianópolis: cerca de 400 pessoas e "catracaço"
Na capital catarinense, o ato reuniu 400 pessoas, de acordo com a Polícia Militar – 450, segundo os manifestantes –, na tarde de segunda. Com faixas, bandeiras e cantos de protesto contra o presidente interino Michel Temer e os apoiadores do impeachment ("Olha que piada, bate panela mas quem lava é a empregada!"), os manifestantes fecharam três faixas da Beira-Mar por volta das 20h, e passaram por algumas das mais importantes avenidas da cidade.
Em frente ao Terminal de Integração do Centro (Ticen), o grupo passou a protestar em favor do Passe Livre – que pede gratuidade no transporte coletivo – e fez o chamado "catracaço", com manifestantes entrando no terminal sem pagar a passagem de ônibus.
*Com agências