A presidente afastada Dilma Rousseff recebe nesta terça-feira à noite, no Palácio do Alvorada, o ex-presidente Lula e ex-ministros do seu governo para um jantar. À mesa, discussões sobre a redação da carta que a petista lançará nos próximos dias para se defender no processo de impeachment e apoiar a ideia de plebiscito para que a população decida se quer novas eleições.
Além de Dilma e Lula, participam do jantar os ex-ministros Ricardo Berzoini, Jaques Wagner, Aloizio Mercadante e Miguel Rossetto. Ao longo do dia, a presidente preferiu não assistir pela TV a sessão do Senado que deve torná-la ré no processo de impeachment. Ela apenas recebeu informes de assessores.
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Enquanto se arrastava a sessão no Senado, parlamentares eram convocados para uma reunião com Lula, marcada para esta quarta-feira. O cenário pós-Dilma está na pauta do encontro.
Marta
Favorável ao impeachment, a senadora Simone Tebet (PMDB-MS) defendia que colegas desistissem de usar a tribuna para tornar a sessão mais curta. Entre os argumentos, a Olimpíada, que tira a atenção do público.
– À noite tem jogo das meninas do futebol. As pessoas vão querer ver o impeachment ou a Marta? Acho que a Marta.
Sardinha com cara de tubarão
Com a sessão já em andamento, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) chegou ao plenário do Senado brincalhão. Tecia comentários sobre a sua gravata azul, com ornamentos escuros. Ele dizia que os desenhos "não eram tubarões".
– É sardinha, comida dos predadores – disse, enigmático.
Certo da vitória, Jucá desconversou quando perguntado se poderá voltar ao cargo de ministro do Planejamento em caso de Dilma Rousseff ser afastada em definitivo.
– Essa pergunta tem de ser feita ao Temer – disse, citando o presidente interino, de quem ele é um dos principais homens de confiança.
Jucá caiu após a revelação de gravação de conversa com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, com quem ele falou sobre a hipótese de tentar abafar a Operação Lava-Jato.
O humorista
O senador Magno Malta (PR-ES) foi o mais piadista da sessão do Senado que analisou o avanço do processo de impeachment de Dilma Rousseff à fase final de julgamento.
Provocativo e debochado, reagiu à tentativa da senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) de incluir nos anais do Senado uma declaração contra o impeachment de Dilma proferida por Bernie Sanders, que disputou a indicação do partido Democrata à eleição para presidente dos Estados Unidos.
– Os Estados Unidos eram o diabo para o PC do B. Agora virou referência? – disse Malta.
Ao contraditar o pedido de suspensão do processo feita por Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Malta se referiu ao colega senador como "Harry Potter".
A algazarra de Magno Malta gerava risos contidos e burburinho no plenário.
Tema de casa
A equipe do ministro Ricardo Lewandowski mapeou as possíveis questões de ordem que seriam apresentadas na sessão de análise do relatório que pede a cassação de Dilma Rousseff. Aliados da petista apresentaram, ainda pela manhã desta terça-feira, oito questões de ordem. Para todas elas, Lewandowski já tinha consigo as respostas encaminhadas.