Há cinco anos, Rosa de Fátima Echer, 49 anos, viu sua vida mudar totalmente. Mudou tanto que ela não consegue contar o que aconteceu nem como tem sido seus dias. O AVC sofrido em 2011 tirou os movimentos da perna e do braço direitos e dificultou bastante a fala de Rosa.
Na época, foi levada ao Pronto-Atendimento 24 Horas e passou a madrugada sem atendimento médico. Apenas pela manhã foi encaminhada ao Hospital Pompéia, onde foi operada.
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– Não tinha médico naquela noite no Postão e as enfermeiras diziam: olha, acho que ela está tendo um derrame – conta Tauani Echer Leite, filha de Rosa.
Como passou muitas horas sem atendimento, o quadro de saúde piorou. Quando chegou no hospital, o médico disse que se tivesse demorado mais para realizar a cirurgia, ela não teria sobrevivido. Após a cirurgia, Rosa ficou 10 dias na sala de recuperação, aguardando leito na UTI.
No primeiro mês da recuperação, Rosa recebia atendimento de fisioterapeuta e fonoaudiólogo em casa, sem custos. Depois, foi encaminhada para a fisio da Universidade de Caxias do Sul (UCS), gratuitamente também. Um ano após iniciado o tratamento, a assistência deixou de ser oferecida e a família precisou procurar serviço particular.
As consultas de rotina e a medicação continuam sendo oferecidas pelo SUS. A cada seis meses, Rosa precisa ir ao neurologista, mas às vezes leva mais tempo para ser atendida. Os remédios – são quatro fornecidos gratuitamente – nem sempre estão disponíveis. Então, ela acaba comprando.
Além das sequelas do AVC, Rosa tem convivido nos últimos meses com problema de pedras nos rins. No ano passado, foi internada e está realizando tratamento em Porto Alegre. Segundo as filhas, não há tecnologia para tratar do problema em Caxias.
– A pedra é muito grande e só em Porto Alegre tem o equipamento capaz de destruí-la – explica Marina Echer Leite, a filha mais jovem.
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Como Rosa tem os movimentos restritos, as constantes viagens à Capital são incômodas. Difícil também é sair de casa cedo da manhã para marcar consulta na UBS. Algumas unidades exigem que o próprio paciente marque a consulta. Por isso, há dois anos, a filha Tauani, que se mudou para o Mariland, passou a levar a mãe no postinho do seu bairro.
– Lá, eu mesma posso marcar a consulta pra minha mãe. Eu sei que é errado, mas como ela, nessa condição, vai ficar aguardando na fila? – protesta Tauani.
Há alguns meses, Rosa se queixa de dores na perna esquerda, a que não foi afetada pelo AVC. Na semana passada, ela conseguiu consulta com ortopedista, que pediu um raio-x. Mas o exame, pelo SUS, demoraria 60 dias para ser feito. A família, então, resolveu pagar por conta.
– Como é mais barato, a gente fez particular. Mas com exames mais caros, não dá, tem que esperar – lamenta Tauani.
Raio X
Unidades básicas de saúde: 47
Hospitais: 6
Serviços especializados em saúde mental: 8
Assistência farmacêutica: 3 farmácias
Lista de espera: deformidades faciais (1); otorrino (857); reabilitação física (178)
Serviços de Vigilância à Saúde: 4
Médicos da rede municipal: 387
Confira no mapa abaixo os serviços de saúde disponíveis em Caxias:
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