- Mas tu é louco de colocar uma mulher como líder de governo, Rigotto.
Maria Helena Sartori conviveu com essa frase preconceituosa dita por políticos e colegas de Assembleia Legislativa após assumir a liderança da bancada do governador em 2006. Ela entrou para a história ao ser a primeira mulher líder de governo Estadual.
A atuação de Maria Helena na Assembleia começou em 2002 ao assumir vaga como suplente, não se reelegendo em 2006 e voltando ao posto em 2010. Ainda que seja a deputada estadual mais votada pelos caxienses nesta eleição _ dos 31.234 votos que recebeu, 18.980 originaram de Caxias _ ela deixará de ocupar uma vaga na Assembleia.
- Só tenho a agradecer o que os caxienses fizeram por mim - avalia.
A derrota de Maria Helena está envolta numa situação atípica. O nome dela sempre esteve associado a José Ivo Sartori, com quem é casada há 38 anos. Ele desmentiu as pesquisas eleitorais e despontou com maior votação no primeiro turno das eleições para o governo do Estado. Em Caxias, derrotou Tarso Genro com vantagem: segundo o TSE, 67% dos eleitores da cidade confiaram voto ao marido de Maria Helena. O argumento por não ter se reeleito é comum aos derrotados em Caxias: diz que a grande quantidade de candidatos à deputado estadual inscritos por Caxias do Sul (foram 35) confundiram o eleitor.
- Se somarmos os meus 31 mil votos e os do candidato do PMDB (Edson da Rosa), chegamos aos meus 40 mil. Essa divisão não foi benéfica para ninguém - critica.
Maria Helena acredita ter deixado marca consolidada na Assembleia. Entre os projetos de que foi autora e dá destaque estão a lei que estabelece a cassação do ICMS das empresas que fraudam combustível e o que destina recursos para a realização da mamografia para mulheres com mais de 40 anos. Também orgulha-se pela luta em instituir as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (CIPAVE) nas escolas da rede de ensino público estadual do Rio Grande do Sul.
Mas a tristeza que segue a derrota nas urnas quase não tem espaço na nova rotina de Maria Helena. Ela divide o tempo agora entre as sessões trissemanais da Assembleia e a campanha de Sartori a governador. Ser candidata novamente em 2018, portanto, não é cogitado. Se Sartori se eleger e convidar deputados do PMDB para compor governo, o que é natural na política, Maria Helena, segunda suplente do partido, pode ser convidada a retomar o posto de deputada. Quando confrontada com essa ideia, ela é sucinta:
- Agora, eu quero ser primeira-dama do Estado.
Maria Helena lecionou durante 30 anos em escolas estaduais de Caxias do Sul e Nova Roma do Sul e está aposentada. Caso queira retornar à sala de aula, ela precisa prestar novo concurso público.
A campanha de Maria Helena Sartori custou R$ 98.766,12. Ela arrecadou R$ 97 mil de doações de empresas como Marcopolo (R$ 15 mil) e Toniollo e Busnello (R$ 50 mil), além de pessoas físicas.
Deputada estadual mais votada
Sem ser reeleita, deputada Maria Helena, de Caxias, foca na campanha de Sartori
Maria Helena ingressou na Assembleia em 2002 e deixará posto no fim do ano
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