Apostando no apoio de eleitores de Nova Prata e outras 15 cidades no entorno, o médico João Otávio Reinelli, 40 anos, entrou para a história política gaúcha como o primeiro deputado estadual eleito pelo Partido Verde (PV).
Graças à coligação União Verde Ecológica Cristã, formada pelo PV, PSC e PEN, que somou 112.409 votos no total, superando o quociente eleitoral de 111.078 (número mínimo de votos necessários para que a coligação ganhe uma cadeira), precisou de apenas 9.098 votos para se eleger.
Mesmo assim, Reinelli diz que não encara sua eleição uma surpresa:
- Quando lançamos a candidatura, achamos que conseguiríamos nos eleger fazendo em torno de 10 mil votos. E graças aos eleitores de Nova Prata e região, que entenderam a necessidade de termos um representante na Assembleia, e graças ao apoio dos nossos partidos coligados, conseguimos. Não foi um indivíduo que ganhou, foi a coligação, foi a união dos partidos, de suas ideias - acredita.
Formado pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre em 2002, Reinelli decidiu entrar para a política a convite dos amigos, que fundaram o PV em Nova Prata há 12 anos. E também por comungar das ideias do partido - algumas polêmicas, como a descriminalização da maconha e do aborto, e outras nem tanto, como a valorização da cultura da paz.
- É um partido moderno que acredita nas liberdades pessoais acima de tudo - conceitua.
Em 2011, elegeu-se vereador com 402 votos e hoje é presidente da Câmara de Vereadores de Nova Prata.
Apesar de cursar a faculdade pública na Capital, Reinelli quis voltar para Nova Prata, onde mora com a mãe, a professora aposentada Suili Edith Reinelli, 78, que é viúva. A esposa, Mariana dos Reis Tagliari, 31, vê apenas aos finais de semana. Namorada de juventude, Mariana, também nascida em Nova Prata, é engenheira metalúrgica e faz doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
- Acho que agora a gente vai poder ficar mais junto, com a minha volta a Porto Alegre - planeja.
Durante a semana, Reinelli divide seu tempo como vereador e médico na unidade de Estratégia de Saúde da Família (ESF) do bairro São Pelegrino, à qual seguidamente é visto chegando de bicicleta.
Entre suas principais bandeiras, na qual bateu forte durante a campanha, está a melhoria das estradas na região, como a RSC-47 e a RS-126, por exemplo.
- Muitos municípios como São Pedro, Guabiju e Vista Alegre, por exemplo, nem ligação asfáltica tem com Nova Prata ainda. A RSC-470 está péssima e com capacidade esgotada, e em direção a Passo Fundo, a situação é ainda pior - reclama.
Reinelli defende uma proposta, já apresentada pela CICSerra, de pavimentar uma estrada secundária alternativa que liga a comunidade de Lajeadinho à ponte Ernesto Dornelles, e esta ao Belvedere da Ferradura, em Bento Gonçalves.
- É mais barato do que duplicar a 470 e poderíamos ter vias com duas pistas para subir e para descer a Serra - explica.
Além da infraestrutura viária, Reinelli quer trabalhar para ampliar o repasse de recursos estaduais aos municípios para aplicação na área de saúde. Hoje, segundo Reinelli, o Estado cumpre a meta de 12% do orçamento, mas inclui os recursos repassados ao IPE.
- Na prática, os recursos que vão para o IPE beneficiam os servidores, não a população em geral - analisa.
Filho do escrivão de cartório judicial Vinício Jairo Reinelli, morto em 2003, João Reinelli volta a colocar Nova Prata e região no cenário político estadual. Segundo ele, há 39 anos a cidade não elegia um representante. Entre os últimos representantes estariam Lino Zardo, de Nova Prata, e Urbano de Moraes, este de Veranópolis.
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