O deputado federal e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região, Assis Melo (PCdoB), é suspeito de agredir fisicamente funcionários da Metalúrgica Weloze Ltda, localizada no bairro Kayser, em Caxias do Sul. O parlamentar nega. A acusação está no Boletim de Ocorrência (BO) 7764/2014, registrado na Polícia Civil na segunda-feira, e formalizada por Antonio Altamiro Veiga e Edson Mattioda, ambos funcionários da empresa Weloze.
A agressão teria ocorrido durante manifestação do sindicato em frente à empresa, devido à demissão sem justa causa do dirigente sindical e cipeiro Jucelino Martins. A demissão foi quinta-feira, dia 27/2, e o sindicato promoveu paralisações na sexta, segunda e terça-feira de manhã. De acordo com o sindicato, o metalúrgico trabalha na empresa Weloze há 14 anos e há 12 é dirigente sindical, na área de esportes. Na tarde de terça, foi realizada uma audiência de conciliação na Justiça do Trabalho e Martins foi reintegrado ao serviço, garantindo mais dois anos de estabilidade.
Conforme consta no BO, no momento em que Antonio Altamiro Veiga passou a fazer imagens com uma máquina fotográfica, teria sido agredido por socos e pontapés, resultando em ferimentos nas costas e na perna. Ainda conforme o registro, seu colega Edson Mattioda teria tentado intervir e também teria sido agredido por socos e pontapés, sendo ferido no rosto, pernas e costas.
As vítimas declaram, no BO, que o principal agressor, que foi possível identificar, seria o deputado federal Assis Melo. Os denunciantes afirmam que outros agressores são membros do Sindicato dos Metalúrgicos. As vítimas declararam que não irão representar criminalmente contra o deputado.
Assis rejeita as acusações. O deputado diz que participou na sexta e na segunda-feira da paralisação cumprindo o dever em defesa do direito da categoria.
- Não agredi ninguém. A culpada é a empresa que demitiu um funcionário com estabilidade.
Quanto à ocorrência policial, Assis afirma que é uma atitude das empresas, "que pegam dois ou três (funcionários)" para fazer o BO, com o objetivo de afastar o sindicato.
O deputado não atribui a acusação ao fato de ser ano eleitoral. Ele diz que o episódio foi específico da empresa, uma vez que mudaram os chefes na fábrica e "há um certo autoritarismo".
- Não é complô contra o Assis. Não se pode transformar naquilo que não existe. Foi uma intervenção da empresa na direção do sindicato - declara.
E anuncia:
- Não vamos amorcegar porque é ano eleitoral.
Segundo o gerente-geral da Weloze, Fabio Romani, os próprios funcionários da empresa vinham pedindo a demissão do sindicalista, há cerca de seis anos. Os motivos seriam ausências em excesso, algumas vezes sem apresentar justificativa.
- Cometemos o equívoco de não seguir o acordo de que, quando se for demitir um sindicalizado, o sindicato e empresa discutam juntos a demissão. Não imaginávamos a repercussão - admite Romani.
- Pela postura agressiva, decidimos liberar os funcionários e não teve expediente das 6h30min até as 19h na sexta-feira. Na segunda-feira, também às 6h30min, o sindicato impediu a entrada, só entrou uma funcionária do RH, que teve o acesso liberado, e uma do departamento fiscal, que furou o bloqueio. Um funcionário tentou tirar uma foto e quatro sindicalistas o cercaram. Assis, depois de discursar, tentou tirar à força a máquina fotográfica. O funcionário chegou a erguer as mãos, mas foi agredido a pontapés e socos. Outro que foi apartar, também levou um soco. Outras três ou quatro pessoas também foram agredidas a socos e pontapés - afirma o empresário.