Vereadores mostram descontentamento com decisões da Câmara de Caxias

O desabafo do vereador Renato Nunes (PRB), nesta semana, na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, quando disse estar decepcionado e sem interesse em continuar na política, traz à tona o descontentamento com o Legislativo, tanto na dificuldade de a oposição conseguir resultados com suas propostas e cobranças, quanto ao que deve motivar uma atuação parlamentar, ou seja, o real atendimento da comunidade.
 
- Estou muito decepcionado. A maioria das coisas não se consegue fazer - resumiu Nunes no plenário.

A desilusão com o trabalho parlamentar não é exclusividade de Nunes. Ao declarar não ter interesse em seguir carreira política e que um vereador pode contribuir pouco com a comunidade, ele seguiu mais ou menos o que fez o deputado federal Tiririca (PR-SP), detentor de 1,3 milhão de votos na eleição de 2010. Em fevereiro passado, Tiririca anunciou sua decepção com a política pela existência de  "outros interesses" no Congresso e a intenção de não voltar a disputar eleições. Em maio, voltou atrás e afirmou que permanece na vida pública.

Na Câmara de Caxias, a mudança do horário de início das sessões das 17h para as 15h45min e a rejeição da nova proposta de alteração para as 18h tornaram públicos descontentamentos. Nos debates da proposta de sua autoria, prevendo o horário das 18h, o vereador Mauro Pereira (PMDB) anunciou que ingressaria com um projeto para que a Casa voltasse a ter 17 vereadores e já está com o texto pronto.

- Não estou decepcionado com a legislatura, e sim, com o novo horário das sessões, que engessou nosso trabalho - queixa-se Mauro.

Mauro foi grande defensor do aumento de vagas em 2011. Na sessão que derrubou o projeto das sessões às 18h, ele  resumiu a situação com 23 vereadores:

- Nós não estamos melhorando em nada a sociedade, estamos gastando o dinheiro público.

O vereador Daniel Guerra (PSDB), crítico de posturas do Legislativo em relação ao governo municipal e à antecipação do horário das sessões, lembra que o cenário político local não é exclusividade:

- É um triste cenário nacional. Recentemente houve um momento histórico, com o povo que chegou ao limite e deu um basta. Muitas casas legislativas deixaram de ouvir o povo. Descambaram para interesses dos mais diversos, menos do povo - define.

Ele não esconde a indignação com algumas decisões da Casa:

- Como explicar um projeto que é bom para a população, ser rejeitado? Um simples pedido sobre a saúde pública, sobre leitos, a maioria votou contra, isso é grave. O voto é revelador, é isso que a população está saturada -  reclama Guerra, referindo-se a um requerimento de sua autoria.

O vereador Guerra ressalta, porém, que segue diariamente motivado.

- Sou realista, mas movido a ­ideais. Gosto muito de desafios - frisa.