Os restos mortais de Wilyam Lazarim Vuelma, 26 anos, foram localizados no dia 27 de abril, enterrados no interior de Nova Prata, na localidade de Fazendinha. Desde essa data, o Instituto-Geral de Perícias (IGP) de Porto Alegre, onde fica localizada a sessão de Antropologia Forense, teve a missão de realizar um trabalho detalhado para confirmar que a ossada era realmente do jovem, que estava desaparecido desde fevereiro na cidade da Serra.
Vuelma não deu mais notícias ou foi visto por familiares desde 2 de fevereiro, quando pediu carona para o avô para ir até um supermercado. Nos dias seguintes ao desaparecimento, a família, composta pelo pai e outros quatro irmãos, registraram um Boletim de Ocorrência e, com o apoio de amigos, realizaram buscas em algumas regiões de mata.
Os restos mortais de Vuelma foram coletados e encaminhados ao Posto Médico Legal de Bento Gonçalves. Dali, transportados até o IGP da Capital. Lá, o material foi analisado pela equipe da perita criminal Rosane Baldasso. Ela destaca que, logo após o recebimento da ossada, iniciou-se o processo de limpeza. Ao mesmo tempo, a equipe de antropologia entrou em contato com a Delegacia de Polícia de Bento para buscar possíveis ocorrências de pessoas desaparecidas. Conforme a perita,de pronto a delegacia de Nova Prata indicou que aqueles restos mortais poderiam ser de Vuelma.
Rosane explica que há três formas de realizar a identificação de uma pessoa morta. Uma delas é por meio de exames papiloscópicos, onde são utilizadas as impressões digitais, comparando aos dados do registro civil. No caso de ossadas são feitas análises antropológica e odontológica legal, em que se analisam as características dos ossos e da arcada dentária. Em última instância, a identificação ocorre através da coleta de DNA.
Rosane salienta que são solicitados prontuários médicos, odontológicos, radiografias de face e de coluna, além de passagens em hospitais para cirurgias e tratamentos de canal. Além disso, todos os procedimentos odontológicos possíveis. As imagens radiográficas são reproduzidas nos ossos examinados e, a partir da comparação, há a identificação positiva ou negativa. A delegacia encaminhou diversos prontuários médicos de Vuelma, além da coleta do material genético de familiares para, se necessária, a comparação pelo DNA.
— Diante de pontos da face que convergiram, com a somatória de um exame de estimativa de perfil antropológico, que é o levantamento da ossada inteira, apontando sexo, ancestralidade, altura, conduziu-se para a identificação positiva do Wilyan — explica Rosane.
Após a identificação, a ossada foi devolvida para a família, que já realizou o enterro nesta quarta-feira (28). Os laudos de identificação, da causa da morte e de análise da Antropologia Forense foram encaminhados para a Delegacia de Polícia de Nova Prata, a qual seguirá com a investigação do crime de homicídio doloso. A constatação se deu devido a uma quebradura no crânio, que demonstra a causa da morte por um tiro ou uma pancada. Até a publicação desta reportagem, a delegacia de Nova Prata não retornou sobre como está o andamento da investigação do caso.
Nenhum corpo é entregue sem identificação
A perita Rosane Baldasso reforça que o caso de Wilyam Vuelma foi rápido, graças ao material radiográfico enviado pela delegacia de polícia. Porém, nem todos os corpos ou remanescentes ósseos localizados têm uma identificação positiva. Por isso, os restos mortais ficam armazenados no Instituto-Geral de Perícias e o DNA destes é coletado e inserido no Banco de Perfis Genéticos.
Rosane reforça as orientações aos familiares de pessoas desaparecidas. Em um primeiro momento, segundo ela, é importante que a família registre o Boletim de Ocorrência para que a Polícia Civil possa começar a investigação. Sempre que possível, o familiar, sendo um filho ou os pais da pessoa desaparecida, devem fornecer material genético (saliva ou sangue) no posto médico legal da região onde mora. Esse material, semanalmente, é comparado com material genético coletado pelo IGP, oriundo de pessoas em que não foi possível fazer a identificação por papiloscopia ou antropologia.
Em casos de comparação positiva, as delegacias de polícia são contatadas para que estas localizem os familiares e os informem que os restos mortais estão no IGP.