Correção: a vítima não estava grávida como publicado entre as 7h16min e as 18h2min desta sexta-feira. O texto foi corrigido.
Um homem matou uma mulher e depois tirou a própria vida na madrugada desta sexta-feira (6), em Caxias do Sul. O crime foi registrado por volta das 5h na casa 826 da Rua Tucano, no bairro Cruzeiro.
Segundo a polícia, João Batista Silva de Souza, 58 anos, assassinou a companheira, Juliana Denise Ferreira, 39, com golpes de machado e depois se matou. De acordo com os vizinhos, Souza morava no local há mais de 20 anos; Juliana teria se mudado para a residência há menos de um ano. Inicialmente, a Polícia Civil informou que a vítima estaria grávida, mas isso foi descartado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP).
O delegado plantonista Rodrigo Bernardes de Assis, que deu início à investigação, falou sobre o caso nesta manhã:
— A mulher foi encontrada por um vizinho no quarto da casa. Ela estava com uma marca de machadinha na cabeça. A arma estava no local e foi apreendida pela polícia. Foi um crime brutal. O homem deixou cartas na mesa, ao menos 14 papéis, se despedindo de familiares e depois se enforcou. Ele deixou a casa aberta, ou seja, queria que encontrassem os corpos. Tudo leva a crer que foi um crime premeditado.
A morte de Juliana foi registrada como feminicídio e a investigação seguirá pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Até o final desta manhã, a delegada titular, Aline Martinelli, ainda aguardava o resultado de exames periciais. Ela ainda afirmou que pretende ouvir testemunhas e familiares para esclarecer a motivação e as circunstâncias do crime. Conforme a delegada, não havia medida protetiva ou registros policiais referentes ao suspeito.
O assassinato nesta madrugada chocou moradores da Rua Tucano, onde o casal residia. Uma vizinha, que preferiu não se identificar, disse que escutou uma briga na casa de Souza e Juliana por volta de 1h, mas que não acionou a polícia pois estava sem telefone. Outros dois moradores da vizinhança afirmaram não ter escutado nada e que sequer os cachorros latiram durante a madrugada.
Índia, cachorra de estimação de Souza, foi adotada pelo morador da casa de fundos, que foi quem encontrou o casal morto pela manhã. Ele não quis dar detalhes do que viu, apenas relatou que saía para trabalhar, por volta das 5h, quando estranhou que a casa da frente estava com a porta aberta. Foi ele quem acionou a Brigada Militar (BM).
Ainda segundo informações repassadas por vizinhos, que afirmaram nada saber sobre Juliana, Souza era taxista em Caxias, no ponto 43, no bairro Kayser. Ele era conhecido como Sagui. Recentemente ele havia se tornado proprietário de táxi; antes atuava como assistente na profissão. Ele deixa a mãe, que mora em Osório, irmãos que residem na região de Porto Alegre, além de um filho, que é caminhoneiro e estava fora da cidade nesta sexta-feira; e uma filha, Nicole Gomes Souza, 26. Nesta manhã, por telefone, a filha disse ter percebido, há algum tempo, que o relacionamento do pai com a companheira não ia bem. Ela também disse ter sido inesperada a atitude do pai.
— Eles não tinham um relacionamento muito agradável. Ela queria controlar ele, era muito ciumenta. Ele tinha recém conseguido o táxi... Tô desamparada porque meu pai era tudo pra mim. Ultimamente acabava nem tendo contato comigo, evitava ligações, sempre me via pessoalmente. E eu não sei se isso tinha alguma relação com o relacionamento deles. Ele deve ter perdido a cabeça, não tem outra explicação para ter chegado a este ponto — afirmou a filha.
O corpo de Souza será sepultado neste sábado (7), às 14h, no Cemitério Nossa Senhora da Conceição em Osório. O horário para início do velório ainda não tinha confirmação no começo da tarde desta sexta-feira. A cerimônia será na Capela B do Crematório de Osório.
Familiares próximos de Juliana ainda não foram localizados. Um primo, que reside em Jaquirana, afirmou que ela vive em Caxias do Sul desde a infância, que a mãe já é falecida, mas que tem irmãos na cidade.
Ela é a segunda mulher morta em Caxias do Sul neste ano. No domingo, Naiara Ketlin Pereira Maricá, de 18 anos, foi assassinada depois de ter sido estuprada. Por volta de 10h45min, o corpo, com marca de perfurações, foi encontrado em uma residência na Rua Júlio Calegari, no bairro Esplanada. O suspeito foi preso.