O Ministério Público (MP) denunciou nesta quarta-feira (24) 10 pessoas por participação num suposto esquema de abate, venda e compra ilegais de carne de cavalo na serra gaúcha. A acusação assinada pelo promotor Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) — Segurança Alimentar do MP, é resultante de Operação Hipo, deflagrada em 18 de novembro, quando seis pessoas foram presas e 15 mandados de busca e apreensão cumpridos.
O grupo foi denunciado pelos crimes do Artigo 272 do Código Penal, "corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nocivo à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo", crime contra a ordem tributária e organização criminosa. Os nomes não foram divulgados.
O esquema funcionaria da seguinte forma: uma parte do grupo ficaria responsável pela procura por cavalos para serem abatidos. Os animais, muitos deles doentes, seriam vendidos para o proprietário de uma chácara, no bairro Forqueta, em Caxias do Sul. No local, seriam abatidos e carneados.
A carne de cavalo e até de mula, sem qualquer tipo de inspeção, fiscalização e higiene seria vendida para um estabelecimento comercial. Esse local, também clandestino, ficaria responsável por moer e transformar essa carne em hambúrgueres e vender como se fosse de gado para restaurantes da região.
Conforme as investigações, teria ficado comprovada a participação de oito pessoas desde a captação dos cavalos até a venda dos bifes de hambúrgueres para restaurantes. Foram denunciadas, ainda, mais duas pessoas responsáveis por duas lancherias que comprariam o produto clandestino.
Os investigadores compraram lanches desses dois locais e, através de teste de DNA feito no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura em Goiás, confirmaram que havia amostras genéticas de cavalo no bife vendido como hambúrguer de carne bovina.