Três cidades da Serra apareceram entre as 15 gaúchas com mais homicídios em agosto. A situação mais preocupante é a de Bento Gonçalves que, com 27 assassinatos, já ultrapassou o total de mortes por violência no ano passado, quando foram 25 casos. Em todo o Rio Grande do Sul, o governo estadual exalta os 10 meses consecutivos de queda no número de homicídios. Os indicadores criminais foram divulgados nesta sexta-feira (10) pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP).
No mês de agosto, Caxias do Sul registrou cinco homicídios e apareceu como o quarto município mais violento do Estado. A primeira colocação é de Porto Alegre, que teve 10 assassinatos. Apesar da posição alta na comparação estadual, a maior cidade da Serra teve o menor número de 2021, igualando os cinco casos de junho. Curiosamente, o mês com mais homicídios foi julho, que teve 10 crimes.
Com três mortes, Bento Gonçalves apareceu na oitava posição. As forças policiais relacionam os crimes recentes com o tráfico de drogas, uma preocupação há anos na Capital do Vinho. O alerta fica pelo somatório de 27 assassinatos, que já ultrapassa o total do ano passado.
— É difícil ter um parâmetro entre 2020 e 2021 porque tivemos a pandemia. Teve a diminuição no número de pessoas circulando, o que diminuiu o crime, mas também menos ações policiais para evitar as aglomerações. Nosso serviço ficou prejudicado, mas agora já retomamos com diversas operações e apreensões de armas. O combate é ao tráfico de drogas. Vários dos homicídios recentes tem esta relação. Vemos sempre com preocupação o aumento dos números, mas seguimos este combate diário, sobretudo ao tráfico de drogas — avalia a delegada Maria Isabel Zerman Machado, da 1ª Delegacia de Polícia.
O comandante do 3º Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (3º BPAT), tenente-coronel Luís Fernando Becker, aponta que os números precisam ser analisados em um espaço de tempo maior. Tanto em 2018 quanto em 2019, a Capital do Vinhos teve 52 homicídios, um número recorde que causou uma mobilização das forças de segurança. Em 2020, os assassinatos caíram pela metade (25), o que aumentou o desafio para este ano:
— Foi uma redução muito grande. Seria complicado manter tal índice, porque a realidade não se alterou tanto (de dois anos atrás). Os 27 atuais, na comparação com aqueles 52, seriam um bom número. O que temos é esta influência de uma disputa entre duas organizações criminosas, o que é muito incidente em Bento. A maioria dos homicídios tem esta relação. No que a Brigada tem tentado atuar e apresenta recordes de apreensão de armas e drogas. É um trabalho constante — garante o oficial.
Neste recorte dos 15 municípios com mais homicídios, Farroupilha apareceu em 14º, com dois crimes. Agosto foi o mês mais violento da cidade em 2021, o que fez os dados da SSP dobrarem: quatro homicídios no ano. Além disso, Farroupilha contabiliza dois latrocínios (roubo com morte), em abril e junho, e já tem outra execução nos primeiros dias de setembro, totalizando sete assassinatos em 2021.
— Este mês passado foi atípico, com este dois casos, mas foram fatos aleatórios, brigas que aconteceram e não tiveram relação com tráfico ou organização criminosa. Assim, não apresentam uma tendência. Foi algo esporádico — avalia o delegado Ederson Bilhan.
Apesar da sequência de fatos criminosos, os números continuam positivos na comparação com 2020. No ano passado, Farroupilha contabilizou 18 homicídios e cinco mortes de suspeitos em confrontos com policiais. A redução, portanto, está em quase 70%.
— Estamos dando uma pronta resposta para todos os homicídios, a maioria com prisões feitas ou encaminhadas. É um trabalho integrado com a Brigada Militar que resulta nesses bons números. A maioria dos homicídios é decorrente do tráfico de drogas e estamos com uma repressão muito boa contra isso, o que diminui estas mortes — avalia o delegado de Farroupilha.
Caxias do Sul tem novo recorde de menor número de roubos de veículos
Pela terceira vez no ano, Caxias do Sul registrou o menor número de roubos de veículos dos últimos 20 anos. Em agosto, foram 12 crimes — quatro a menos que os 16 em junho e seis abaixo dos 18 registrados em maio. As forças policiais exaltam este índice que, até alguns anos atrás, pareciam impossíveis.
Até novembro do ano passado, o maior município da Serra nunca havia tido um mês com menos de 20 roubos de veículos — conforme os dados da SSP, que são registrados desde 2002. De lá para cá, cinco dos 10 meses alcançaram tal marca histórica. No total, 2021 contabiliza 180 roubos de automóveis, o que representa uma média de 22,5 por mês.
A explicação das forças policiais é um trabalho integrado e focado nas quadrilhas especializadas. A cada flagrante feito nas ruas, policiais militares imediatamente repassam as informações para a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), que compara as características com outros crimes recentes. Além disso, os investigadores procuram a relação entre suspeitos, o que leva à identificação de líderes do crime organizado.
A estratégia, segundo a polícia, ajuda a esclarecer mais roubos e a identificar criminosos especialistas neste tipo de assalto. Com mais provas de vários crimes e a demonstração de organização criminosa, os autores ficam mais tempo presos e isto refletes nos indicadores.
Segundo o delegado Luciano Pereira, da Draco, de cada 10 roubos de veículos em Caxias do Sul, sete são provocados pelo crime organizado.
Os menores índices da história de Caxias do Sul:
2021 (agosto): 12 roubos de veículo
2021 (junho): 16 roubos de veículo
2021 (maio): 18 roubos de veículo
2020 (novembro): 18 roubos de veículo
2021 (abril): 19 roubos de veículo