A Polícia Civil aguarda pela perícia no motor-home onde a secretária de Educação de Gravataí, Sonia Oliveira, e o marido dela, Ricardo Abreu, foram encontrados mortos na noite desta terça-feira (3). A análise técnica do veículo é considerada essencial, já que a principal hipótese da polícia é que o casal, que estava em um camping em Gramado, morreu por asfixia causada por um vazamento de gás.
Peritos vindos de Porto Alegre chegaram na Região das Hortênsias no final da manhã desta quarta-feira (4). De acordo com o delegado Gustavo Celiberto Barcellos, a análise inicial já havia encontrado o botijão de gás do veículo vazio.
— Em princípio, o botijão estava vazio e o equipamento de passagem de gás batia como se estivesse ligado. A perícia (desta quarta-feira) reforça nossa linha de investigação no sentido que as mortes teriam decorrido de asfixia. Foram encontrados, no funcionamento do aquecedor, alguns defeitos que apontam para uma queima errada que pode ter gerado a ingestão deste monóxido de carbono pelas vítimas. É o que se apresenta como mais coerente com o cenário que encontramos — diz o delegado titular em Gramado, que ainda aguarda o laudo completo da perícia no veículo.
A Polícia Civil reforça que a causa da morte só poderá ser confirmada com o exame necroscópico. No entanto, a cena do fato indica esta possibilidade de inalação de gás e asfixia. Outro ponto que chama atenção dos investigadores é que o automóvel não foi produzido por nenhuma empresa do ramo de motor-home:
— É um veículo pequeno. É um furgão que foi feito de motor-home. Como não é de nenhuma empresa que produz este tipo de veículo, acreditamos que não tenha certificações. Vamos verificar quem fez ou quem montou (o veículo). A vítima trabalhava com mecânica, então existe esta possibilidade de ele ter participado.
Policiais não encontraram sinais de violência no camping
Sonia e Abreu, de Gravataí, aproveitaram o final de semana seguido de feriado municipal para visitar à Serra e, segundo a Polícia Civil, tinham combinado de voltar para casa na segunda-feira (2). A preocupação aumentou quando a secretária de Educação não apareceu para trabalhar na terça-feira (3).
A família acionou a polícia e a Brigada Militar (BM) foi até o camping e encontrou o motor-home fechado. Pelas janelas, os PMs conseguiram visualizar os dois corpos caídos e acionaram a Polícia Civil. O casal já estava morto.
— Pela experiência que temos, podemos perceber que (as mortes) não eram recentes, possivelmente ocorrem há um dia. Não achamos sinais de violência externa nos corpos, tampouco um cenário que indicasse um crime patrimonial. Tudo que cogitamos estava dentro do motor-home, como carteiras, bolsa e dinheiro. Por isso, se descarta um crime patrimonial — aponta o representante da Polícia Civil em Gramado.
O camping onde o casal estava fica no bairro Avenida Central, entre Gramado e Canela. A investigação solicitou as imagens das câmeras do local que monitoram a entrada e as laterais do terreno de área bem extensa.
— Não podemos decretar que não há indício (de crime), mas podemos dizer que (asfixia por gás) é a possibilidade mais compatível. É claro que faremos análises de celulares e verificaremos questões da família — complementa o delegado Barcellos.