O homem suspeito de ter matado Marli Salete Pinheiro Paes, 41 anos, em Nova Petrópolis, foi preso preventivamente nesta segunda-feira (16) em São Paulo. Ele é Fábio Silva Alvarenga, 43 anos. A vítima foi encontrada sem vida no dia 4 de agosto, mas a perícia e a investigação indicam que ela foi assassinada a golpes de faca no final de semana anterior, ou seja, entre 31 de julho e 1º de agosto.
O caso é tratado como feminicídio pela Polícia Civil. Segundo o delegado Fábio Idalgo, que conduz a investigação em Nova Petrópolis, Alvarenga se aproximou da vítima para manter-se informado sobre outra mulher com a qual teve um relacionamento e que morava no mesmo bairro de Marli.
O delegado explica o contexto que levou ao crime: tudo começou em dezembro de 2020, quando Alvarenga conhece a moradora da Serra por meio de um aplicativo de relacionamento; eles têm uma relação e ela vai morar com ele, primeiro em Viamão, depois, em São Paulo; entre idas e vindas, ela é vítima de violência doméstica; recebe ajuda e consegue retornar a Nova Petrópolis, onde obtém medida protetiva para manter o agressor afastado; para obter informações e fotos da ex-companheira, Alvarenga se aproxima de Marli, por meio de uma rede social.
Ainda conforme o delegado, o homem volta à Serra no final de julho, quando começa a desencadear a sequência de acontecimentos que resultaram na morte de Marli. Ele procura a ex-companheira, é preso por descumprir a medida protetiva e encaminhado à penitenciária estadual de Caxias do Sul. Porém, é solto no dia 31 de julho. Então, vai para a casa de Marli em Nova Petrópolis, onde, conforme a polícia, mata a vítima. Na segunda-feira, dia 2 de agosto, ele vai à delegacia da cidade retirar objetos pessoais que haviam sido apreendidos durante a prisão pelo descumprimento da medida protetiva. Volta à casa de Marli, pega alguns pertences dela, como televisão, vende e vai para Porto Alegre. Pernoita na Capital e, no dia seguinte, terça-feira, 3, segue para São Paulo. Nesse dia, ele liga para a família da ex-companheira dizendo que havia matado Marli e faz ameaças. Na quarta-feira, 4, a família avisa a Brigada Militar sobre o telefonema. Os policiais vão ao endereço e encontram Marli morta, envolta em um tapete.
— Houve uma escalada de violência em seis meses. E mesmo de longe (após o crime), ele (Alvarenga) utilizava as redes sociais da vítima (Marli), postava ameaças, mandava áudios não só para policiais como para a família da vítima de violência doméstica (ex-companheira). Ligava para a delegacia. Ele demonstra uma psicopatia muito grande, descaso com a mulher e com a Justiça. Por isso, a pronta mobilização para prender esse autor, porque ele demonstra uma grande periculosidade. Com apoio da Polícia Civil de São Paulo conseguimos dar cumprimento ao mandado de prisão. Ele será indiciado por feminicídio, furto e ocultação de cadáver — descreve o delegado.
Alvarenga foi preso em uma pensão em São Paulo. Ao ser detido, ele negou a autoria do assassinato à polícia alegando que já estava em São Paulo no dia em que Marli foi encontrada morta. Ele será interrogado na delegacia em Nova Petrópolis.
— Todos os elementos de prova apontam para autoria dele. Ele tenta de maneira frustrada negar, falando que quando o corpo foi encontrado, no dia 4, ele estava em São Paulo, mas ele matou e depois fugiu, isso está na cronologia do inquérito. Temos provas periciais e testemunhais — conclui o Idalgo.
Alvarenga tem outras passagens pela polícia por crimes patrimoniais e estelionato em diferentes cidades pelas quais passou, como Brasília, Belo Horizonte e Governador Valadares, em Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo.