A insistência de criminosos em arremessar drogas por cima de muros das cadeias da Serra tem sido uma preocupação das forças de segurança desde que as visitas foram suspensas em razão da pandemia de coronavírus. No Presídio Estadual de Vacaria, por exemplo, foram pelo menos 10 flagrantes feitos pela Brigada Militar (BM) nos primeiros 35 dias de 2021. Na apreensão mais recente, os policiais militares que fazem a guarda externa da casa prisional relataram ter ouvido um drone.
O caso aconteceu no início da madrugada de quinta-feira (4). As buscas feitas com os agentes da Superintendência dos Serviços Peniteniários (Susepe) encontraram uma sacola com 200 gramas de crack e 282 gramas de maconha. O operador do drone não foi localizado.
Esta é a primeira vez que um drone é percebido para entrega de ilícitos no presídio de Vacaria. O equipamento, contudo, já foi interceptado nas duas casas prisionais de Caxias do Sul e na penitenciária de Bento Gonçalves, por duas vezes.
— É uma situação que está recorrente. Quando é visualizado, tentamos abater (o drone). Mas, é difícil detectar, pois depende a altura de cada drone atua. (Os criminosos) utilizam várias artimanhas (para evitar a repressão). Os arremessos são um problema constante e temos interceptado vários. Só no ano passado, foram 170 apreensões realizadas por agentes penitenciários e o apoio da BM — afirma o delegado penitenciário regional Marcos Ariovaldo, responsável pelas oito casas prisionais da Serra.
A situação de Vacaria, portanto, estaria na média do que é enfrentado. Nestes primeiros 45 dias de 2021, a BM relatou ter feito oito prisões por arremessos de ilícitos para dentro do presídio. Além de drogas, os pacotes interceptados também contêm celulares, carregadores e garrafas de cachaça.
As ocorrências registradas apontam que as tentativas acontecem em todos os horários e nem todos arremessos são interceptados. Na tarde da última quarta-feira (3), por exemplo, a guarda externa avistou dois homens realizando arremessados e acionou o reforço, por volta das 17h10min. Os dois suspeitos foram capturados em um matagal próximo e foram reconhecidos pelo PM. Contudo, os pacotes arremessados não foram localizados.
A situação foi inversa no dia 14 de janeiro. O brigadiano da guarda desconfiou de dois detentos que subiam a cerca de concertina, supostamente para buscar uma bola de futebol. O PM afastou os apenados e, no local, encontrou um pacote com crack, cocaína e uma balança de precisão. Não foi possível identificar quem arremessou o pacote, mas os dois apenados que tentaram buscar a drogas foram identificados e respondem a processo disciplinar.
Como acontece em outros crimes, adolescentes também são utilizados para a entrega de ilícitos nos presídios. Um exemplo aconteceu no início da tarde de 22 de janeiro, quando um rapaz de 16 anos foi abordado nas proximidades da casa prisional. O adolescente levava uma sacola azul com seis carregadores de celular e três fones de ouvido, além de dois celulares enrolados em uma meia preta. O menor de idade confessou que iria jogar os pacotes para dentro da cadeia e que, em troca, receberia um pagamento.