Um rapaz de 19 anos forçou a própria prisão para levar drogas para dentro de um presídio de Caxias do Sul. O criminoso estava com o braço engessado, onde escondeu um pacote de maconha, uma porção de cocaína e nove chips de celular. A intenção dele era ser preso com um revólver, como realmente aconteceu na Praça da Bandeira na tarde desta sexta-feira (26), e burlar a revista dos órgãos policiais. Só que a trama foi descoberta com antecedência pelo trabalho de inteligência da Polícia Civil na Serra, o que permitiu ao delegado plantonista determinar a retirada do gesso e a apreensão das drogas ainda na delegacia.
O flagrante aconteceu durante o plantão do delegado Ives Trindade. Com 20 anos de experiência, ele admitiu que o fato foi inusitado.
— A Polícia Civil já tinha um informe, pelo setor de inteligência regional, de que, provavelmente, um indivíduo com braço engessado iria ser preso por porte ilegal de arma de fogo. Foi o que aconteceu hoje, uma coincidência muito estranha. Determinei a retirada do gesso e encontramos um pacote grande de cocaína e outro de maconha. Sempre brinco com os colegas que na polícia não podemos dizer que já vimos de tudo. Esse fato veio para comprovar a minha teoria.
Diante da comprovação da farsa, o delegado plantonista solicitou uma revista ainda mais rigorosa. Outros dois pacotes de maconha foram encontrados costurados dentro do solado dos tênis do suspeito. No total, foram apreendidos 387 gramas de cocaína e 155 gramas de maconha, além do revólver calibre .38 que foi utilizado para forçar a prisão. O preso de 19 anos, que não teve a identidade divulgada, foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo e tráfico de drogas.
Os policiais militares relataram que, desde o momento da prisão pelo revólver, o criminoso pedia para ir para a Penitenciária Estadual, no distrito do Apanhador. Para as autoridades policiais, este ato de forçar uma prisão para levar drogas para dentro da cadeia está relacionada com a suspensão das visitas nos presídios pelas medidas contra a pandemia de coronavírus.
— Em princípio, o flagrado não explicou a situação e negou fazer parte de um grupo criminoso. Mas, pelos informes que temos e até pelas características da situação, acreditamos que este fato tenha ligação (com crime organizado), que alguma facção ordenou que ele assim procedesse para que a droga chegasse até os que estão presos — comenta o delegado Trindade.