Os corpos do casal e do menino assassinados a tiros dentro de casa na Rua Fábio Formollo, entre os bairros Jardim Eldorado e Jardim Iracema, serão sepultados na manhã desta quarta-feira (28) em Caxias do Sul. Edson Toffolo, 37 anos, Vanessa Martins dos Santos, 29, que estava grávida de seis meses, e o filho de Vanessa, Enzo dos Santos de Oliveira, quatro, foram mortos no porão da casa em que viviam. Os corpos foram encontrados na manhã de terça-feira (27) pela avó paterna do menino, que foi até a moradia buscar o neto para uma viagem.
Vanessa e Enzo serão enterrados no final da manhã no Cemitério Público Municipal de São Marcos; já Toffolo ficará no Cemitério São Luís da 6º Légua.
De acordo com o titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), Ives Trindade, a avó de Enzo e vizinhos do casal já prestaram depoimento. Na casa foram encontradas porções de maconha. Toffolo não tinha antecedentes policiais. Informações extraoficiais repassadas à polícia indicam que o rapaz teria envolvimento com drogas, segundo o delegado:
— Ainda não há informações que nos levem à autoria do crime. Estamos investigando e uma das linhas é um possível envolvimento com drogas.
A brutalidade do crime chocou e assustou os moradores das proximidades. O casal e a criança foram assassinados na cama. Toffolo foi atingido por 12 tiros, Vanessa por dois e Enzo por um disparo no pescoço. Quando a avó paterna do menino chegou a casa percebeu que a porta estava arrombada. Ela entrou e encontrou os corpos.
Mortes motivadas pelo tráfico
Caxias do Sul tem vivido nos últimos dias uma onda de crimes. Desde o início desta semana, sete pessoas foram assassinadas na cidade, incluindo a família morta a tiros dentro de casa na Rua Fábio Formollo.
O delegado Ives ressalta que grupos rivais se enfrentam cada vez mais na disputa por território para comercializar drogas. A disputa pelo domínio do tráfico de drogas elevou o número de assassinatos nos últimos três anos na cidade. No começo de outubro, moradores do bairro Euzébio Beltrão de Queiróz viveram momentos de tensão. Assustados, afirmaram que o bairro vive, atualmente, mais uma disputa por pontos de tráfico entre grupos rivais. O temor e o medo aumentaram depois de uma dupla tentativa de homicídio e um assassinato na localidade.
No dia 14, seis criminosos morreram em confronto com a Brigada Militar (BM). A troca de tiros aconteceu na RS-453 (Rota do Sol), após uma perseguição que iniciou no bairro Pioneiro, onde os criminosos atacaram um ponto de venda de drogas que pertenceria a um grupo rival. Cinco dias depois, cinco pessoas foram presas em uma ação da Polícia Civil para evitar a disputa por territórios do tráfico de drogas.
Mas essa sisttuação não é recente. Em junho de 2017, a chacina com quatro pessoas baleadas e queimadas no bairro Pioneiro marcava o início de um novo patamar da violência em Caxias do Sul. O ataque confirmou uma suspeita cada vez mais recorrente de informantes da polícia: o avanço na Serra de uma facção de Porto Alegre. O primeiro ato de violência do grupo da Capital na Serra ocorreu em um ponto de tráfico sob o domínio de uma facção local indiciada pela Polícia Civil e que dominava a venda de drogas em pelo menos cinco bairros da cidade.
Outras execuções que se tornaram rotineiras passaram a ser as execuções relacionados ao tráfico de drogas, em que após matar as vítimas, o autor ateia fogo no corpo ou na residência. E julho de 2019. um homem foi executado no bairro Santa Fé. Logo após, atearam fogo à residência. Em setembro do mesmo ano, três homicídios em pouco mais de 24 horas, colocaram em alerta a Polícia Civil de Caxias. Isso porque os indícios apontavam que as mortes eram ordenadas por uma mesma facção.