O guarda municipal Esteves Rosa, 42 anos, estava andando de carro com a esposa pela Rua Dr. Montaury, por volta das 20h desta terça-feira (21), quando, ao passar perto de um hipermercado, na esquina da Rua Ernesto Alves, no centro de Caxias, deparou com um possível assalto e resolveu intervir, mesmo estando de folga. Acabou evitando um linchamento.
A ação começou minutos antes, quando o rapaz que, depois, soube-se tinha 18 anos, tentou roubar a bolsa de uma mulher. Ela não entregou e ele pegou o celular dela e saiu correndo. A vítima gritou por socorro e, assim como o guarda, populares ouviram, atenderam ao chamado e correram atras do assaltante. O alcançaram na Rua Visconde de Pelotas, derrubaram no chão e começaram a agredi-lo.
Nesse momento, Rosa chegou se identificou como guarda municipal e deteve o ladrão.
– Os populares tinham derrubado ele e estavam muito agressivos querendo fazer justiça com as próprias mãos. Chutavam e batiam nele e jogavam a cabeça dele contra a parede. Desci, me identifiquei como guarda, dei voz de prisão a ele para que não se mexesse mais e tentei afastar o pessoal dizendo que bastava, que ele já estava dominado – conta Rosa.
Como o grupo que antes era de cerca de seis pessoas começou a aumentar, o guarda pediu apoio da Brigada Militar.
– Umas duas vezes ele tentou levantar para fugir, mas coloquei o joelho sobre ele, mandei ficar deitado. Logo que eu cheguei, o pessoal estava muito irritado e não ouvia que era para se afastar. Depois, se afastaram, mas ficavam ameaçando ele – lembra Rosa.
O ladrão teve escoriações pelo corpo e foi levado à delegacia. No meio da confusão, o rapaz jogou o celular que havia roubado. Segundo relato da própria vítima ao guarda municipal, um outro homem pegou e o aparelho que não foi recuperado.
Passada a situação de tensão inicial, o guarda avalia o fato de ter evitado o linchamento:
– Sou guarda há 14 anos e nunca tinha visto o pessoal tão agressivo com alguém. Já vi casos em que populares dominam o assaltante e mantém detido, mas não como ontem (terça-feira). Tive que proteger o assaltante, de certa forma, para que as pessoas não cometessem um crime ainda pior do que ele havia cometido. Tudo bem que as pessoas se revoltem, mas é desproporcional tirar a vida de alguém por causa de um celular. Me sinto bem, porque a minha missão, eu cumpri.
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