Os adolescentes mortos a tiros durante uma operação do Batalhão de Choque da Brigada Militar (BPChoque) em Caxias do Sul foram identificados como Rafael Machado Ribeiro, 17 anos, e Alceu Henrique da Silva de Abreu, 14. O caso ocorreu por volta das 22h desta terça-feira (21) em um apartamento na Rua José Bonifácio, no bairro Cruzeiro.
De acordo com a Brigada Militar (BM), policiais da Agência Regional de Inteligência receberam denúncias anônimas de que suspeitos estariam traficando drogas no apartamento. Uma equipe de quatro policiais, então, foram até o bairro e localizaram os suspeitos dentro do prédio. O comando do BPChoque confirma que os suspeitos não atiraram, mas ressalta que os policiais estavam diante da iminência do perigo em função de os adolescentes estarem armados e, por isso, a polícia disparou.
Ainda de acordo com a BM, os adolescentes integrariam uma quadrilha responsável pela autoria de homicídios registrados na Serra. No entanto, não há detalhes de quando ocorreram essas mortes ou em quais municípios. Conforme a BM, circularam nas redes sociais fotos de pelo menos um dos jovens ostentando armas.
No apartamento, a polícia apreendeu duas pistolas, coletes balísticos, munição de diversos calibres, touca ninja, carregadores, seis aparelhos de celular e duas porções de maconha, além de R$ 1.190 em dinheiro.
CASO SERÁ INVESTIGADO PELA DPCA
De acordo com a Polícia Civil, em princípio, um dos adolescentes foi atingido por quatro tiros e o outro por três disparos; este dado, porém, ainda precisará ser confirmado pela perícia.
O caso será investigado pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). O titular da DPCA, Caio Márcio Fernandes, explica que o inquérito demanda a análise de uma série de perícias para avaliar o contexto das mortes:
— Há indícios de que ação da BM foi legítima. Esses indícios apontam para legítima defesa, que houve ação em revide por parte da polícia.
Questionado sobre os adolescentes estarem armados, o delegado ressalta que a polícia está analisando, mas caso confirmado a informação ficará em sigilo, em função da lei de abuso de autoridade.
— Vamos apurar a origem das drogas, armas e munições. Estamos analisando, mas assim que soubermos essa informação vai ficar em sigilo devido a legislação de abuso de autoridade.
Rua tranquila
A reportagem conversou com três moradores, que tiveram a identidade preservada. Eles ficaram surpresos e não imaginavam que alguém que morava na vizinhança pudesse ter envolvimento com o crime. Os vizinhos afirmaram ainda que a rua é tranquila e que não conheciam os adolescentes.