Os vídeos de ameaças que levaram à apreensão de cinco espingardas, um morteiro e dezenas de munições no interior de Flores da Cunha, são apenas parte de uma desavença envolvendo uma parceria de negócio frustrada entre primos. É o que indicam as primeiras informações sobre o caso que causou alvoroço nas redes sociais e dominou os comentários dos últimos dia na cidade.
Nas imagens, um homem aparece ostentando armas e munições no pátio de casa. Ele faz diversas ameaças a um primo com quem mantém inimizade e mostra um morteiro amarrado em um botijão de gás. Em segundo vídeo, o mesmo homem ameaça o parente de forma inusitada: ele está com a boca cheia de munição e cospe o material. A situação ficou ainda mais tensa porque na sexta-feira, dia 3, investigado concretizou parte do que vinha prometendo. Jogou um veículo Mercedes-Benz contra o portão da empresa do primo com o qual mantém inimizade e foi embora. Voltou pouco depois armado e ameaçou um funcionário.
Ele acabou deixando um revólver sobre uma mesa da empresa. Mais tarde, retornou novamente até a frente da empresa e disparou diversas vezes contra a fachada do pavilhão. Ninguém ficou ferido. Tudo isso num intervalo de seis horas, segundo a Brigada Militar (BM). O que mais impressionou os moradores de Flores da Cunha e gerou burburinho, contudo, foram os vídeos. Com ajuda da mulher, que gravou as imagens, o homem aparece com o arsenal e profere diversas intimidações ao primo.
O primo ameaçado não estava na cidade no dia do atentado na empresa, mas recebeu os vídeos do desafeto. Ao voltar para Flores da Cunha, decidiu buscar ajuda na Delegacia de Polícia, onde apresentou as provas das ameaças e relatou o ataque contra a empresa. Na tarde da última segunda-feira, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do investigado, mas o autor dos disparos e da ameaça não foi localizado. Contudo, os agentes encontraram as armas, a munição, um colete balístico, duas espingardas de pressão e uma luneta,entre outros objetos. Algumas das armas apreendidas são as mesmas que aparecem nos vídeos.
A história gerou uma enorme repercussão porque os vídeos foram compartilhadas em grupos de WhatsApp e do Facebook. Em pouco tempo, o caso atravessou os limites de Flores da Cunha e foi ganhando versões sobre os motivos da desavença, ainda não devidamente esclarecidos pela Polícia Civil. Segundo a polícia, o homem é investigado por coação e porte ilegal de arma de fogo.A investigação prosseguirá para verificar a procedência do armamento.A polícia não divulga a identidade do investigado em razão da nova legislação que torna crime a antecipação de culpa.A reportagem também mantém a identificação do homem em sigilo porque não há indiciamento do investigado. Familiares do investigado não quiseram conversar com a reportagem.
O primo ameaçado, por sua vez, disse que vai aguardar o desenrolar do caso na Justiça.
– A cidade toda está comentando. Os mais próximos se solidarizam, mas é difícil. Presto serviço, tenho meus clientes. Na internet aparece cada barbaridade... Já desativei meus perfis, não quero mais ver. Agora, está tudo na mão da polícia e dos advogados. O que tinha para fazer, já fiz.Prestei depoimento e apresentei os documentos. É aguardar os trâmites. A história não será esquecida tão cedo pelos moradores de Flores da Cunha.
– Não existe mais lugar tranquilo – lamenta um comerciante local.
– A cidade toda quer saber, todos perguntam. Não parece coisa de Flores da Cunha – desabafa uma carteira.