A morte de Ariana Victoria Godoy Figuera, 24 anos, nesta sexta-feira (13) é o quinto feminicídio (morte de mulher em razão do gênero) registrado em Caxias do Sul neste ano. Apenas um dos casos anteriores ainda não foi esclarecido pela Polícia Civil. Os demais autores estão presos preventivamente e aguardam por julgamento (confira mais abaixo).
A crueldade no ataque contra Ariana, nesta quinta-feira (12), lembra um crime de novembro de 2017, quando Maykon Marcelino da Silva, 32 anos, teria ateado fogo na ex-companheira Lucilene Fonseca, 34, e na afilhada Isabella Theodoro Martins, de oito meses. A bebê não resistiu aos ferimentos e morreu. A mulher permaneceu 101 dias internada e precisou de dezenas de cirurgias reparadoras. Na época, Lucilene possuía uma medida protetiva contra o ex-companheiro - a segunda deferida em um período de sete meses. Em ambas, porém, a Justiça não conseguiu encontrar ou intimar Silva.
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O júri deste caso está marcado para a próxima quinta-feira (19). Silva está recolhido preventivamente na Penitenciária Estadual, na localidade do Apanhador, desde o dia 4 de novembro de 2017, quando foi preso pela Brigada Militar horas após o crime.
Como o processo corre em segredo de justiça, poucos detalhes são divulgados. No caso de Isabella, o Ministério Público denunciou o réu por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e emprego de fogo). Contra a ex-companheira, a denúncia foi por tentativa de homicídio quadruplamente qualificado (a violência doméstica foi a quarta qualificadora).
OUTROS FEMINICÍDIOS DE 2019
30 de março
Vítimas: Ana da Silva Correa, 81 anos, e Tailine Correa, 22 anos
Réu: Rafael Souza dos Santos, 25 anos
Está preso preventivamente desde 1º de abril
O ex-namorado da jovem confessou informalmente ter matado a tiros Tailine Correa, 22, e a avó dela, Ana da Silva Correa, 81. Rafael Souza dos Santos, 25 anos, foi preso em flagrante e permanece recolhido no sistema penitenciário. Tailine estava entre o quinto e o sexto mês de gestação de um filho do acusado.
O crime ocorreu na casa do casal na Rua Rachel Rousseau, no bairro Mariani, na madrugada do dia 30 de março. A delegada plantonista relatou que o assassino atirou a esmo pela casa, já que haviam marcas de tiros em diversos pontos. No local, os policiais apreenderam cocaína. Informalmente, Santos teria confessado o crime e alegado que agiu devido a ciúmes. Ele estava com fala desconexa no dia do crime. Uma criança de quatro anos também foi atingida pelos tiros, mas segundo a Polícia Civil na época, precisou apenas de pontos na perna.
18 de outubro
Vítima: Nayara Medeiros de Mello, 20 anos
Autor não esclarecido
Único caso de feminicídio que ainda não teve a autoria esclarecida. Pelos relatos iniciais, o autor não teria uma relação anterior com a vítima Nayara Medeiros de Mello, 20 anos. A jovem foi asfixiada no quarto de uma residência na Rua Vinte de Setembro. Antes de fugir, o autor atacou outras mulheres que estavam na moradia. O autor fugiu do local e ainda não foi identificado pela polícia.
Nayara morava em Santa Maria, havia chego em Caxias do Sul naquele dia e se hospedou na moradia com outras três jovens, a duas quadras da rodoviária. Segundo a Polícia Civil, o autor do crime chegou no endereço próximos das 17h e foi recebido pela jovem. Em seguida, os dois foram para um quarto. Uma hora mais tarde, o homem saiu do cômodo e perguntou às três mulheres que estavam na cozinha onde ficava o banheiro. No caminho, ele sacou uma faca e rendeu uma das mulheres e a levou até o quarto onde estava o corpo de Nayara. Ao perceber o perigo, a refém reagiu e foi derrubada. Com o barulho, outras mulheres que estavam na casa foram para a rua e gritaram por socorro. Na confusão, o homem fugiu. A investigação cabe a Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (Deam) que nunca se manifestou sobre este crime.
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11 de novembro
Vítima: Ereni dos Santos, 42 anos
Acusado: José Waldemar Engelmam, 62 anos
Está preso preventivamente desde 20 de novembro
O caso mais recente foi o assassinato da funcionária pública Ereni dos Santos, 42 anos. Ela foi morta a tiros algumas horas depois de uma audiência de conciliação no Fórum. O ex-marido José Waldemar Engelmam, 62 anos, confessou o crime e, no último dia 5, foi denunciado pelo Ministério Público.
Engelmam está preso preventivamente desde o dia 20 de novembro quando se apresentou à Polícia Civil, confessou o crime e alegou estar surtado na hora que atirou. Ereni foi morta no dia 11 de novembro, baleada dentro do próprio carro na Rua Avelino José Lora, no Desvio Rizzo. O ex-marido sempre foi o principal suspeito do crime. Em abril do ano passado, após alegar sofrer ameaças, Ereni solicitou medida protetiva na Vara de Violência Doméstica, decretada no dia 24 de abril de 2018. Em 27 de maio deste ano, a medida protetiva a favor de Ereni foi prorrogada. A funcionária pública tinha dois filhos.