O homem de 50 anos que confessou ter matado o empresário Camilo Geremia, 54, afirmou ter uma desavença com a vítima referente a um suposto crime que aconteceu durante uma festa em um sítio em Garibaldi. A versão foi apresentada à Polícia Civil de Bento Gonçalves na tarde desta sexta-feira (20), quando o investigado se apresentou acompanhado de uma advogada. O autor confesso também alegou que achou que o empresário estivesse armado, por isso atirou. O investigado não foi preso após o depoimento e não teve a identidade divulgada.
O suposto crime está em investigação pela delegacia de Garibaldi e nenhum detalhe é divulgado para preservar os envolvidos.
O advogado Alvaro Boff rebate a suspeita de que Geremia teria cometido um crime anteriormente, segundo foi informado pelo autor confesso do assassinato. Conforme Boff, que representa a família de Geremia, as verdadeiras motivações do homicídio serão melhor esclarecidas nós próximos dias. O advogado afirma que Geremia não sabia que estava sendo investigado pela Polícia Civil. O autor do assassinato teria feito ameaças ao empresário por meio de outros familiares. De acordo com Boff, o homem ligou para a esposa de Geremia.
— Geremia não tinha conhecimento de investigação. Soube que havia essa acusação por parte do autor do assassinato, o que é um absurdo. Inclusive Geremia contatou ele (autor do assassinato) para tentar esclarecer e entender o que estava acontecendo. Todos que conheciam o Geremia sabem da conduta dele. Essa alegação só agrava a situação do acusado _ reitera o advogado.
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O investigado se apresentou à 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP) no início da tarde e o depoimento durou aproximadamente três horas. O investigado mencionou várias vezes que possuía uma longa amizade com a vítima e também prestava serviços com sua empresa, mas que estava evitando contato com Geremia desde a briga acontecida na festa do seu aniversário e que teria sido presenciada por várias pessoas.
— Segundo o suspeito, o que motivou este delito foi um fato entre familiares do suspeito e a vítima do homicídio, na data de 7 de dezembro de 2019, em um sítio em Garibaldi. Este fato está sendo investigado por aquela delegacia. Para não expor os envolvidos, não vou entrar em detalhes. O suspeito afirmou que esta situação abalou por completo as estruturas familiares e psíquicas dele. Em virtude disso, cometeu o crime no dia 18 — aponta o delegado Arthur Reguse.
Antes do crime, o autor confesso relata que havia ido até Garibaldi tratar do inquérito em andamento naquela delegacia, que tem Geremia como investigado. Na volta, teria recebido diversos contatos telefônicos do empresário. A Polícia Civil confirmou que quatro ligações aconteceram entre 9h45min e 10h30min, a hora do crime.
— O suspeito afirma que Camilo teria dito "estou indo aí, vamos resolver". No interrogatório, ele também afirma que havia sido ameaçado em 16 de outubro, após ligar para a esposa da vítima e declarar que queria romper os serviços que prestava nos estabelecimentos de Camilo — aponta Reguse.
Na manhã de quarta-feira, após as ligações, o suspeito relata que trafegava pelo bairro São Roque e reconheceu a caminhonete de Geremia. O investigado passou a acompanhá-lo e decidiu interceptá-lo quando este se aproximou da sua casa. As imagens colhidas pela Polícia Civil mostram que não era uma situação de emergência ou urgência.
— É uma situação em velocidade normal. Ele seguia em velocidade compatível e, quando o Camilo faz a volta na frente da casa, o suspeito corta a frente com o seu automóvel, desce e, alegando que a vítima tivesse feito alguma movimentação (de estar armado), sacou o revólver e atirou cinco vezes — relata Reguse.
Os primeiros dois tiros foram em direção a janela do motorista, que estava com o vidro aberto, e o primeiro atingiu o empresário no rosto. Na sequência, o autor se aproxima e efetua mais três tiros à queima-roupa que atingem o peito da vítima.
Sobre uma prisão do autor confesso, o delegado Reguse afirma não ter elementos até o momento para fundamentar uma prisão cautelar antes de transitado e julgado. O homem de 50 anos só teria passagens por crimes de menor potencial ofensivo.
O advogado Boff discorda e acredita que a situação exige a prisão do autor do confesso.
— Para preservar a ordem pública e a segurança dos familiares da vítima, deveria sim ter prisão preventiva.
A arma do crime foi apresentado pelo investigado. O revólver não possui registro. Segundo a Polícia Civil, o investigado afirmou que seria uma arma muito antiga que recebeu como pagamento de um serviço.
Crime em Garibaldi segue em investigação
Procurado pela reportagem, o delegado de Garibaldi afirma que irá se informar sobre o depoimento em Bento Gonçalves antes de qualquer manifestação.
— Efetivamente aconteceu um fato em Garibaldi, em princípio envolvendo as mesmas partes, mas não posso fazer uma afirmação categórica. (O empresário Camilo Geremia) estava sendo investigado. Se cometeu ou não (um crime), é cedo para manifestar. Depende, eventualmente, de laudos periciais. Eventualmente, os trabalhos (de investigação em Bento Gonçalves) poderão ser aproveitados (sobre o fato anterior). E a recíproca também pode ser verdadeira — afirma o delegado Clóvis Rodrigues de Souza.