Região historicamente conhecida por ataques a bancos, a Serra está há seis meses sem registrar assaltos deste tipo. O último crime foi marcante para os dois lados. Em 3 de dezembro de 2018, a comunidade e os órgãos de segurança lamentaram a morte do gerente do Banco do Brasil de Ibiraiaras durante a troca de tiros entre policiais militares e os bandidos. Na sequência da perseguição, seis assaltantes morreram e outros três foram presos em flagrante.
Para a Brigada Militar (BM), a demonstração de força e preparação contra estes assaltos chamados de Novo Cangaço (em que assaltantes fortemente armados invadem cidades pequenas e fazem cordões humanos com reféns) têm contribuído para a diminuição do índice.
— É o que estamos chamando de efeito Ibiraiaras, pois ali o pessoal viu que a Brigada estava pronta, com helicóptero e equipes prontas. Em menos de 10 minutos, já estávamos lá fazendo a repressão. Felizmente, não tivemos mais este tipe de crime nos 66 municípios da nossa cobertura — enaltece o coronel Ricardo Cardoso, responsável pelo Comando Regional de Policiamento Ostensivo da Serra (CRPO Serra).
Além de Ibiraiaras, a BM também conseguiu responder a assaltos em Coronel Pilar e Jaquirana, no segundo semestre do ano passado. No total, foram nove criminosos mortos, 11 suspeitos presos e 21 armas de fogo apreendidos _ o que inclui dois fuzis, além da recuperação de pelo menos R$ 640 mil.
A pronta-resposta da BM facilita a investigação da Polícia Civil, que buscar mapear estas organizações criminosas e identificar seus líderes. Ao relacionar os assaltos por todo o Rio Grande do Sul, a 1ª Delegacia de Repressão a Roubos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), busca vários meios de produção de prova para esclarecer a periculosidade e participação de cada integrante destas quadrilhas.
— Com investigações criminais de qualidade, a prevenção ao crime também é uma consequência. Boas provas entregues ao Judiciário num prazo razoável de tempo levam à diminuição dos crimes. Os grupos estão sendo desarticulados — aponta o delegado João Paulo de Abreu.
Ações com explosivos também diminuíram
Os assaltos são mais chamativos e preocupam, principalmente, a população de cidades pequenas, mas os arrombamentos de bancos são ações mais comuns. No ano passado, por exemplo, foram 11 roubos e 20 furtos na Serra. Neste ano, o único ataque a banco na região foi o arrombamento do Banco do Brasil no bairro Ana Rech, em Caxias do Sul, na madrugada de 20 de maio.
O furto é qualquer ação criminosa que busca levar um dinheiro do banco sem ameaçar qualquer vítima. Desta forma, a maioria são arrombamentos que acontecem na madrugada. Os casos que mais preocupam a Polícia Civil são os que utilizam explosivos, pois sempre há o risco dos criminosos abalarem a estrutura de alguma edificação.
A redução dos furtos teria uma explicação semelhante a dos assaltos a banco. De acordo com o delegado Abreu, estes ladrões especialistas costumam agir em diversas cidades, por isso a prisão relacionada a um caso específico acaba por afetar os índices por todo o Estado.
— Se efetuamos prisões importantes, a redução é uma consequência. No ano passado, até 12 de junho, tivemos 20 roubos ou furtos com explosivos no Estado. Este ano, foram apenas oito, sendo a maioria tentados (sem êxito). O que foi feito foi a prisão de dois suspeitos, um em Santa Catarina e outro em Porto Alegre, que podiam ser relacionados a vários ataques. São prisões que desarticulam os grupos que mais atuavam — aponta o delegado.
Assaltos e furtos a bancos na Serra:
2019*: 1
2018: 31
2017: 33
2016: 58
Fonte: levantamento feito pela reportagem do Pioneiro e Gaúcha Serra.
* até 11 de junho.