Passados 16 meses do crime, a Justiça decidiu que os três réus envolvidos no homicídio de Luciano Vargas Silva, 45 anos, que teve o corpo esquartejado, irão a júri popular em Caxias do Sul. João Carlos da Rosa Gomes, açougueiro e ex-sogro da vítima, e Mirto Gritti, locador da casa em que o crime ocorreu, foram pronunciados pelo assassinato, enquanto Alminda Braga Correa, ex-sogra de Silva, responde por ocultação de cadáver. As defesas recorreram da decisão, e o processo deve ser remetido para o Tribunal de Justiça (TJ) nos próximos dias.
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O crime foi descoberto quando um catador de lixo encontrou pedaços de um cadáver em um contêiner da Rua Sinimbu. As partes, que equivaliam a 25% de um corpo humano, estavam enroladas em sacos plásticos. Não foram encontradas a cabeça ou as mãos da vítima. Foi uma carta de baralho espanhol (às de espada), tatuada no antebraço da vítima é que levou à identificação do santa-mariense, conhecido como Pig.
Conforme a denúncia do Ministério Público (MP), o assassinato ocorreu na manhã do dia 1º de agosto de 2017 na Rua José Corte, no bairro Desvio Rizzo. A vítima e o ex-sogro teriam discutindo sobre a guarda de uma criança, quando Gritti golpeou Silva com um pedaço de pau na cabeça. Na sequência, Gomes pegou uma faca e apunhalou o ex-genro.
Para ocultar o crime, o açougueiro utilizou uma motosserra para esquartejar a vítima. Para o MP, o homicídio foi cometido por meio cruel e motivo torpe. A denúncia aponta que os acusados agiram por vingança e desforra, uma vez que Silva ameaçava delatar Gomes e Alminda para as autoridades policiais — o casal era procurado por estelionato.
Defensor diz que locador da casa não participou do crime
O açougueiro confessou o homicídio, mas alegou legítima defesa. Em depoimento, João Carlos Gomes afirmou que Luciano Vargas da Silva o atacou primeiro com uma faca, mas não lhe atingiu com gravidade. Neste momento, Gritti teria aparecido e golpeado a vítima com um pedaço de madeira. Gomes garantiu que agiu sozinho para esquartejar e ocultar o cadáver.
A defesa de Mirto Gritti argumenta que o açougueiro acusou seu cliente para proteger a esposa. O locador da residência afirmou que, no dia do crime, não presenciou qualquer briga e foi trabalhar em horário normal.
— A única coisa que existe no processo inteiro contra ele (Gritti) é a palavra do réu (Gomes), que é autor confesso de tudo. Quando acusa o meu cliente, ele retira da cena do crime a esposa. O grande benefício é a mulher não responder pelo homicídio, só pela ocultação do cadáver. Nem a Alminda acusa o Mirto — diz o advogado Airton Barbosa de Almeida, sustentando que seu cliente é inocente de qualquer acusação.
Gomes e Alminda são representados por um advogado de Novo Hamburgo. A reportagem entrou em contato com o escritório do defensor, mas não obteve retorno. O açougueiro é o único que segue recolhido em prisão preventiva. A sentença de pronúncia foi publicada no dia 4 de dezembro de 2018.