Após sete meses, a zona norte de Caxias do Sul voltou a ser palco de um duplo homicídio na madrugada desta terça-feira. Os primeiros indícios apontam que o alvo do ataque era Ederson Varela dos Santos, 36 anos, assaltante condenado a 43 anos de reclusão que cumpria pena em prisão domiciliar. Com ele, foi morto também Ederson Batista Pinheiro Gomes, 36.
A execução ocorreu em frente a uma residência da Avenida Monsenhor João Meneguzzi, no bairro Fátima, pouco depois da meia-noite. Santos morava no endereço com parentes, que acionaram a Brigada Militar (BM) após ouvir disparos de arma de fogo. Santos e Gomes foram encontrados mortos junto ao portão de acesso à moradia.
Com 31 anos de pena ainda a cumprir, Santos progrediu de regime no dia 25 de agosto e era monitorado por tornozeleira eletrônica. Meses antes de receber o benefício, ele foi um dos presidiários transferidos durante uma ação da Polícia Civil e da Susepe contra uma facção criminosa indiciada em Caxias do Sul. De acordo com investigações da Operação Fratelli, deflagrada em abril de 2017, a organização dominava a venda de drogas em cinco bairros de Caxias do Sul e tinha sua base na Galeria A da Penitenciária Estadual do Apanhador.
QUEM ERAM:
Ederson Varela dos Santos, 36 anos
Em 2005, virou alvo da Polícia Civil por fazer parte de uma quadrilha que agia no bairro Fátima. O grupo de cinco jovens ficou conhecido por agredir as vítimas e não se importar em roubar no próprio bairro onde residiam. Outro membro do bando era Edmar Barbosa Borges, 35, um dos presos com maior condenação no sistema prisional de Caxias do Sul.
Ao lado de Borges, Santos cometeu um dos crimes mais bárbaros do interior de São Francisco de Paula, no dia 25 de outubro de 2005. No amanhecer daquele dia, os dois renderam mãe e filha que alimentavam as vacas em uma propriedade rural. Após duas horas revirando a moradia em busca de dinheiro e objetos de valor, Borges levou as vítimas até o banheiro e as alvejou com seu revólver calibre .32.
Fabiana Cristina Hoffman de Oliveira morreu com três disparos na cabeça. Sua mãe, Elaines Batista Hoffman e Silva, foi atingida no braço e pescoço. Ela sobreviveu porque se fingiu de morta. Após a fuga dos assaltantes, Elaines caminhou por um quilômetro para pedir socorro a um vizinho.
Por este latrocínio, Santos foi condenado a 36 anos e oito meses de reclusão. Foi na Galeria A da Penitenciária Estadual no distrito do Apanhador que teria se relacionado com a facção que controlava a venda de drogas em cinco bairros de Caxias do Sul, conforme investigação da Polícia Civil no ano passado. Santos não chegou a ser um dos alvos da Operação Fratelli, que indiciou 19 pessoas por associação criminosa, mas foi incluído na lista de transferidos em razão de informações do setor de inteligência da Susepe.
Desta forma, em 18 de abril de 2017, Santos foi levado para a Penitenciária Estadual de Venâncio Aires. Ele retornou para Caxias do Sul em julho daquele ano. Um mês depois, no dia 25 de agosto, progrediu de regime.
Ederson Batista Pinheiro Gomes, 36 anos
A primeira suspeita é que foi morto por estar no lugar errado e com a companhia errada. Gomes era natural de Rosário do Sul e também morava na Avenida Monsenhor João Meneguzzi, algumas quadras acima do local do crime.
Gomes possuía passagens policiais e chegou a ser preso preventivamente quando era investigado por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. Ele estava em liberdade desde agosto de 2014.