Há um mês, depois de ter ser filho baleado, a manicure de 36 anos ainda não acredita no pesadelo que viveu. O bebê de seis meses foi baleado no rosto dentro de casa por uma bala perdida e o sentimento, segundo a mãe, é de impunidade. O autor confesso dos disparos não sofreu qualquer sanção legal. Felizmente, o tiro atravessou a bochecha e a garganta do menino sem deixar qualquer sequela.
O que mais assusta a comunidade é que os disparos que vitimaram o bebê ocorreram em plena tarde de uma sexta-feira. Conforme a investigação, a desavença que originou o ataque começou próximo a um mercado: enquanto diversas pessoas realizavam compras no estabelecimento do bairro Borges, Carunchinho sacou um revólver calibre .32 e Felipe Aguiar de Oliveira, 26, o Mamute, fugiu pela via pública. O atirador correu por três quadras atrás do seu desafeto e efetuou cinco disparos. Nenhum dos tiros atingiu o alvo.
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Um dos projéteis, porém, perfurou o portão de madeira da garagem onde a manicure de 36 anos recebe suas clientes. O disparo passou raspando o queixo de uma cliente, deixando uma queimadura leve, e atingiu o rosto do filho da manicure, que estava nos braços de uma adolescente. Após ferir três pessoas, a bala caiu no chão de cerâmica do salão de beleza improvisado.
— Foi tudo muito rápido, ainda é difícil de acreditar. As pessoas perguntam, mas o nosso bairro nunca foi violento. Esse meliante não é daqui, veio só para aprontar. Como acertou meu nenê, poderia ter matado qualquer um. Ele é um perigo para a sociedade. Não pode ficar solto — ressalta a manicure.
A residência onde Carunchinho mora, no bairro São Francisco, fica a três quadras da casa do bebê atingido. Mamute, o alvo dos tiros, também é morador da região. Mesmo sabendo que seria reconhecido pela vizinhança, Carunchinho não pestanejou em atirar em plena luz do dia contra o seu desafeto. Sobre a briga, autor e vítima apresentaram versões contraditórias à Polícia Civil. Os investigadores acreditam que a verdadeira razão da desavença foi uma dívida de drogas.
— Ambos apresentaram questões fúteis, mas não acreditamos nos depoimentos. A verdadeira motivação deve ter relação com o tráfico de drogas. O Dionata (Carunchinho) possui dois antecedentes deste tipo, em 2012 e 2014, e o Felipe (Mamute) possui passagens (na polícia) relacionadas a drogas — ressalta o delegado Defaveri.
Enquanto o processo segue os trâmites judiciais, e provavelmente demorará mais tempo pelo fato de não ter réu preso, a manicure segue sua vida sabendo que a qualquer momento poderá passar pelo homem que atirou no seu bebê. A mulher prefere não pensar na situação e mantém sua fé no trabalho policial:
— O sentimento é de medo e revolta. Ao mesmo tempo, nada mudou nada. Esta é a minha casa e sei que moro perto de gente de bem. Parece que foi apenas um pesadelo. Pela proporção (do acontecido), só tenho que agradecer a Deus pelo meu filho estar bem e sem nenhuma sequela.
Legítima defesa
Em seu depoimento, Carunchinho alegou legítima defesa. O acusado afirmou que Mamute o ameaçou com o revólver, mas ele conseguiu tomar a arma do desafeto. De acordo com o delegado Defaveri, a versão não encontra respaldo nas outras diligências. Sobre a arma do crime, Carunchinho entregou um revólver .32 para a Polícia Civil. A arma será submetida a perícias.