Dois estudantes que estavam em uma festa na Pepsi Club, no bairro Villagio Iguatemi, em Caxias do Sul, na madrugada do dia 15, afirmam que foram espancados por seguranças da boate. Segundo Daniel Dalzotto, 18 anos, ele e um amigo entraram na festa com ingressos isentos e, por volta das 4h, foram pagar o consumo de bebidas anotado em suas comandas. Segundo Daniel, na saída, o caixa cobrou o valor do ingresso e como eles não tinham para pagar, os funcionários acionaram o segurança. Segundo Dalzotto, os dois alegaram para o segurança que não tinham o dinheiro do ingresso, apenas o da consumação. Apesar de terem os ingressos isentos, Daniel diz que foram orientados a voltar para a festa e conseguir o dinheiro.
Daniel e o amigo não conseguiram o dinheiro, deixaram o interior da boate por outra porta, sem serem vistos pelo segurança e ficaram em frente ao local esperando por amigos por cerca de 40 minutos quando, segundo eles, um segurança foi até eles e os conduziu para o estacionamento da casa noturna. O funcionário, conforme afirmar Daniel, chamou mais cinco homens, que se diziam seguranças da boate, e passaram a agredi-los. O jovem conta que os homens usaram soqueiras e cassetetes por cerca de 30 minutos, e também deram pontapés. As agressões, segundo o jovem, ocorreram atrás de um carrinho de alimentação e foram testemunhadas por pessoas no estacionamento. Daniel fugiu do local e correu por duas quadras, pelas quais foi perseguido por seguranças em um carro. Quando eles o alcançaram, o jovem diz que um dos homens lhe apontou uma arma e ameaçou-o de morte caso ele não retornasse. Daniel diz ter retornado para o estacionamento da boate, onde ainda estava o seu amigo.
— Voltaram a nos agredir e pegaram todo o dinheiro das nossas carteiras, documentos, meu celular, o relógio de pulso do meu amigo e pulseiras dele. Só então fomos liberados — conta Daniel.
Eles realizaram exame de corpo de delito na segunda-feira e registraram boletim de ocorrência. Dalzotto está com ferimentos nas costas e no braço esquerdo. O amigo dele não quis se identificar.
Procurado pela reportagem, um dos proprietários da casa noturna, Saulo Zanotto, disse que não tinha conhecimento do caso e que a segurança é terceirizada. Ele também alega que os seguranças não portam armas. O proprietário da empresa terceirizada que realiza a segurança na boate, Evandro Ribeiro, afirma que também desconhece as agressões e que os seguranças não podem andar armados e nem são autorizados a saírem da boate.
—A nossa função é da portaria para dentro. Não existe segurança armado e nem podem sair na rua —afirma Ribeiro.