Somente no último mês, uma área de lazer do bairro Serrano, em Caxias do Sul, teve parte da cerca do campo de futebol arrancada, pilares derrubados, o vestiário invadido e a fiação elétrica arrancada. O presidente da associação de moradores (Amob), Clovis Alves da Silva, registrou boletim de ocorrência relatando os crimes.
A área pública fica na Rua Anacleto Vidor e, além do campo de futebol e dos vestiários, conta com parquinho infantil, academia da melhor idade e pista de caminhada. O vendedor Diego Lucena, 27, morador do bairro, afirma que o homem responsável pela manutenção da área até a metade de outubro teria sido impedido de continuar o trabalho pela Amob.
— Ele fazia a administração, comprava serragem para colocar no campo. Quando fizeram ele parar de ir lá, em quatro semanas ficou desse jeito — lamenta.
O antigo responsável é o metalúrgico José Veloso, 50. Ele diz que começou a cuidar da área voluntariamente há cerca de três anos e desde 2017 fazia parte da diretoria da Amob. Para custear os materiais utilizados, Veloso ocupava parte de um dos vestiários para vender produtos e organizava torneios de futebol amador.
— Para que me tirar se é para ficar assim? Denunciaram que eu estava vendendo uns refris, salgados, e o torneio que eu fiz, que era para custear os materiais, a higiene dos banheiros — aponta.
No último torneio realizado, ocorreu uma briga. Foi o que motivou a Amob a passar a administração do campo para a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (Smel), conforme Veloso. A partir daí, com o crescimento do mato, as pessoas teriam deixado de frequentar a área e a depredação teve início. De fato, no dia 16 de outubro a Smel recebeu ofício assinado pelo presidente do bairro.
—No início de outubro, a Amob nos procurou, dizendo que quem cuidava do campo estava fazendo atividades sem autorização, que estaria cobrando, vendendo bebida alcoólica. Sugerimos que não fosse vendido e não se fizesse o torneio. Nesse dia, houve uma briga generalizada, com boletim de ocorrência. Aí, indicaram outra pessoa. A partir daí, começaram atos de vandalismo — relata Mauricio da Fonseca, diretor de Esportes da secretaria.
O presidente do bairro, porém, diz que a manutenção vem sendo realizada. Na última semana, o campo foi roçado, os banheiros arrombados foram trancados e a associação busca recursos para substituir os equipamentos furtados. Ele diz que a responsabilidade do corte do mato fora do campo é da Codeca e o trabalho já foi solicitado.
O presidente da Amob estima em cerca de R$ 2 mil o prejuízo com os itens furtados e destruídos.
— Foram roubados 100 metros de tela do campo, e semana passada o pessoal entrou nos vestiários, tiraram os chuveiros, a fiação. No dia 2 de dezembro, vamos tentar fazer um torneio de futebol 7 para tentar repor — diz Clovis Alves da Silva.
Segundo Clovis, as pessoas seguem frequentando o campo e a pista de caminhada normalmente, mas não há como manter uma vigilância 24 horas para evitar depredações.
— Se tu ver ali durante a manhã, ou no final da tarde, está cheia a quadra. É aberto para o bairro. Ninguém quer um centavo para si, só que esteja em ordem. Para que não se termine, é o que nós temos. A gente está ali por um tempo, o espaço é de todos — aponta.
Sobre Veloso, ele explica que teria sido removido da associação por não aceitar documentar os valores que recebia para custear a área.
— O campo é da prefeitura, qualquer doação para manutenção tem de ser documentada. Se uma equipe do Rizzo for jogar no Serrano com inscrição de R$ 200 o campeonato, tem de ter um recibo declarando que ele doou o valor para a manutenção no campo. Ele fazia um trabalho bom, mas não fazia essa parte, por isso saiu da direção da Amob — aponta.