Quem procurou atendimento pediátrico no Pronto-Atendimento 24 Horas (Postão) de Caxias do Sul neste domingo teve uma surpresa desagradável: desde o início da manhã, não há plantonistas atendendo no local.
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De acordo com o secretário municipal da Saúde, Geraldo da Rocha Freitas Júnior, os dois pediatras escalados para o plantão das 8h às 20h faltaram sem aviso, o que impediu a substituição dos profissionais. Os usuários são orientados a buscar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zona Norte de Caxias.
— Temos o plano de contingência através da UPA, com três profissionais, que já está orientada a acolher as crianças — aponta.
O problema da falta de pediatras no Postão se repetiu durante diversos fins de semana entre os meses de maio e julho, até que a Secretaria da Saúde conseguisse recompor a escala dos profissionais. A nova falha terá que ser justificada pelos servidores, segundo Freitas Júnior.
— Se tivéssemos sido informados há tempo, teríamos providenciado uma substituição. A gente organizou as escalas, mas faltando os dois plantonistas sem aviso prévio é bem difícil de solucionar. Eles vão ter que justificar, vamos aguardar a manifestação deles.
Problemas teriam começado no sábado
Quando o Pioneiro esteve no Postão, por volta das 11h30min deste domingo, a maioria dos pacientes que aguardava consultas com pediatras já havia sido encaminhada para a UPA ou atendida no setor adulto, mas novos usuários continuavam buscando o serviço.
Uma das recém chegadas era Keili dos Santos, 22. A auxiliar de nutrição buscava atendimento para o filho Davi, dois, que tinha febre e estava vomitando, mas foi orientada a aguardar.
— Estão mandando para a UPA, mas me mandaram vir para cá (no setor adulto). Era para ter dois pediatras, mas não vieram, dizem que talvez chegassem às 11h — declarou.
Apesar de a prefeitura ter informado da falta de pediatras neste domingo, após reclamações de pacientes, alguns usuários dizem que o problema começou ainda antes. A atendente Chayane Alves, 29, relata que levou o filho João, três, ao Postão por volta do meio-dia de sábado e acabou atendida três horas depois, por um clínico geral.
— Passei pela triagem no setor de adultos porque não havia nem médicos e nem enfermeiras na parte da pediatria. Nesse meio tempo, implorei por examinarem meu filho novamente, porque ele estava com febre. Mediram e já estava com 39,2 ºC. Quando entramos para a medicação, não havia ninguém mesmo para atendimento do lado da pediatria. Descaso total, nos sentimos um lixo por não poder fazer nada pelas nossas crianças — lamenta a mãe.
De acordo com o secretário municipal da Saúde, um dos pediatras faltou apenas no plantão noturno do sábado, que vai das 20h às 8h do domingo.
Na ala adulta, demora e indignação
Se a sala de espera pediátrica acabou vazia por falta de atendimento, no setor adulto o cenário era oposto neste domingo. Todas as cadeiras estavam ocupadas e a revolta dos pacientes era geral. A aposentada Denise da Rosa, 60, disse estar aguardando há quatro horas para tratar uma fratura no pé.
— Caí na rua e quebrei o dedão do pé, ontem, Passei a noite com dor e vim para cá. Só me dizem que tenho que esperar — lamenta.
Pelo menos outros quatro usuários relataram situações semelhantes. Para a costureira Sandra Bavaresco, 40, parte da indignação vem da falta de informações passadas aos pacientes.
— Eu estou aqui desde às 8h, com a garganta inflamada. Pedimos alguma perspectiva aqui (na triagem), ninguém sabe. Na recepção, ninguém sabe. Até parece que não trabalham aqui — reclama.
O secretário municipal da Saúde, Geraldo da Rocha Freitas Júnior, garante que o atendimento está sendo prestado, mas diz que a adaptação ao sistema de prontuário eletrônico, implantado nesta semana, pode estar prejudicando o fluxo.
— A gente implantou um sistema informatizado. Nesse início, até se familiarizarem com os processos, é um pouco demorado, mas depois só vai ter benefício, pela integração entre todas as unidades. É um avanço importante e vai se normalizar em seguida — projeta.