A vigilante Cíntia Aparecida dos Santos, 33 anos, chegou aos 161 quilos. Natural de Rosário do Sul, na região central do RS, ela se mudou para Farroupilha aos 18 anos e foi aí que começou a ganhar peso. Ela encaminhou o pedido de cirurgia pelo SUS há três anos. A resposta foi negativa, mas Cíntia não desistiu. Em março do ano passado, fez novamente o pedido e acabou chamada três meses depois.
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Para passar pela cirurgia, Cíntia precisava emagrecer 16 quilos. Ela seguiu a dieta com disciplina e eliminou 24. No dia 6 de novembro, foi operada e, apesar de eliminar cerca de dois quilos por semana atualmente, diz ter percebido que realmente estava mais magra há apenas dois meses:
— Eu ainda não acreditava que estava mesmo emagrecendo, que o sonho estava se tornando real. A balança me mostrava, o peso diminuía, mas a ficha não caía. Até que experimentei uma calça com um número bem menor e ela serviu. Então, eu vi que era verdade. Quebrar a barreira dos três dígitos é um sentimento único. Hoje, estou com 96 e a meta dos médicos é 78. Mas eu já me sentiria bem com 80 porque sou alta e encorpadinha.
Para ela, o apoio da família e dos amigos é essencial para manter a disciplina, tanto alimentar quantos de exercícios, que a deixam mais disposta para encarar o dia a dia.
— Se o psicológico não estiver bem, se não trabalhar todas as questões emocionais, tu não consegue chegar na meta. As recaídas são um risco. Então, temos de estar firmes e contar com apoio da família e dos amigos. No meu caso, eles entraram na dieta comigo, fizeram tudo junto. Claro que a rotina é rigorosa, mas é o que me mantém na linha. Ando com os potes com os lanches, para seguir a dieta certinho.
Até a rotina de vida, que antes era sedentária e até mesmo monótona, segundo a vigilante, mudou totalmente:
— Minha alimentação era errada porque eu comia fora de hora e muitas besteiras. Antes eu usava o que me servia, e agora tenho o prazer de escolher minhas próprias roupas. Posso usar o que quiser, o que gostar e escolher. Me sinto melhor para tudo, para caminhar, para sair de casa, trabalhar e passear. Antes eu ficava mais em casa, não tinha uma vida social, porque me sentia sempre bem cansada, sem vontade de fazer nada.
:: CÍNTIA
Antes: 161 quilos
Meta da equipe: 78
Meta pessoal: 80
Peso atual: 96
"O estômago é maior aliado para manter a linha"
O vendedor Eduardo da Silveira, 46 anos, não se importava com o peso. Antes da cirugia bariátrica, em 20 de novembro do ano passado, chegou aos 153 quilos. A esposa lhe pediu que procurasse o médico e fizesse exames porque estava preocupada com a saúde dele. Quando foi levar os resultados, levou um susto: em 45 dias, engordou cinco quilos. Foi então que a médica sugeriu o procedimento.
— Nunca tinha pensando em fazer cirurgia. Não percebia o meu tamanho, e estava bem comigo mesmo. Mas engordar cinco quilos acendeu um alerta. Em julho do ano passado, me chamaram e, em novembro, fui operado. Tinha que emagrecer sete quilos para fazer a bariátrica e emagreci 12. Os primeiros 15 dias foram cruciais. Eu sentia vontade de mastigar e tinha que tomar somente os líquidos de hora em hora.
Ele afirma que para seguir a dieta restrita, contou com a ajuda da família e da psicóloga, e que hoje há líquidos que faziam parte da dieta que não consegue mais ingerir:
— Meus familiares não faziam mais fritura para que eu não sentisse o cheiro, e evitavam comer os alimentos que eu mais gostava para que eu não sentisse vontade. Os líquidos eram bastante repetitivos, era basicamente isso. Hoje, eu não posso ver na minha frente sopa, água de coco e gelatina. Não quero nem de graça.
Silveira diz que tem um aliado fiel para manter a dieta:
— Consigo comer de tudo, mas tenho um limite, o estômago é nosso maior aliado para manter a linha. Se tentar comer mais do que cabe dentro dele, ele reclama e dói mesmo, então você para. O acompanhamento da equipe é muito bom, nós temos toda a estrutura que precisamos para seguir na linha.
Silveira era magro até os 23 anos. Depois de se tornar obeso, confessa que não sentia vontade de fazer atividades físicas ou mesmo passear com a família. Hoje, a vida ficou mais animada.
— Tomava remédio para a pressão e estava engordando muito rápido. Apesar de não me incomodar com o peso, hoje quando olho as fotos eu percebo o quanto estava grande e gordo. A vida era muito sem graça. Ficava muito tempo dentro de casa. Agora eu caminho todas as manhãs, faço academia e voltei a jogar bola. Me sinto muito melhor.
EDUARDO
Antes: 153 quilos
Meta da equipe: 79
Meta pessoal: 80 a 85
Peso atual: 88
INDICAÇÕES DA CIRURGIA
:: Ter entre 16 e 65 anos.
:: Pacientes com IMC maior que 40 kg/m² podem pensar em cirurgia sem nenhuma comorbidade associada.
:: Paciente com IMC entre 35 kg/m² e 40 kg/m² que comprove doença provocada pelo excesso de peso e tenha passado por tratamento clínico com equipe multidisciplinar, sem perda efetiva de peso, por pelo menos um ano.
:: Pacientes que enfrentem obesidade há mais de cinco anos, e que passado por tratamento por mais de um ano, não conseguiram eliminar peso.
Tipos de cirurgia bariátrica
:: By-pass gástrico
É o tipo mais utilizado. Primeiro, uma pequena bolsa de estômago é criada, com aproximadamente 30ml de volume, dividindo a parte superior do estômago do resto do órgão. Em seguida, a primeira porção do intestino delgado é dividida e a extremidade inferior é trazida e conectada à pequena bolsa do estômago recém-criada. O procedimento é finalizado conectando a porção superior do intestino delgado um pouco mais para baixo no intestino, reduzindo parte do trânsito intestinal.
Assim, os ácidos estomacais e as enzimas digestivas se misturam com os alimentos, possibilitando a digestão. Com essa cirurgia é possível que a pessoa perca de 60 a 80% do seu peso.
:: Sleeve
Nesse tipo de cirurgia é retirado cerca de 80% do estômago, sendo que o resto dele é se transforma em uma bolsa que muito se assemelha a uma banana, sendo que nesse procedimento o estômago fica muito menor do que o original e assim ocupa menos volume. Com esse procedimento a pessoa irá emagrecer e deverá comer menos, assim ela não engordará novamente.