Eficazes e válidas como provas em ocorrências policiais, as imagens dos sistemas de monitoramento eletrônico são aliadas dos órgãos de segurança púbica para elucidar crimes. Contudo, casos emblemáticos como o desaparecimento da menina Naiara Soares Gomes, sete anos, levantam uma questão primordial: é preciso modernizar e ampliar o sistema público e mudar a concepção de quem opta pela tecnologia na área privada em Caxias do Sul.
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Naiara desapareceu no populoso bairro Esplanada, área de grande comércio e muitas moradias. Desde então, a Polícia Civil conseguiu algumas imagens de câmeras privadas, de baixa qualidade, que reconstituem parcialmente a caminhada da criança antes de ela sumir na manhã de 9 de março. Também há gravações sobre um carro branco que estaria envolvido no suposto rapto, uma hipótese que ganhou força nos últimos dias a partir do cruzamento de informações da investigação. Embora o carro branco seja considerado a peça-chave, não há imagens definitivas, até o momento, que ajudem a esclarecer o mistério.
É uma situação que remete a outro caso grave envolvendo uma criança e que causou comoção em Caxias do Sul há três anos: a morte da estudante Ana Clara Adami, 11. Em julho de 2015, a menina foi baleada durante uma suposta tentativa de assalto quando seguia para a catequese no bairro Pio X. Apesar de o crime ter ocorrido numa área que conta monitoramento externo em empresas e casas, o criminoso não apareceu em nenhuma imagem, pois alguns aparelhos não funcionavam ou não tinham sistema de armazenamento de dados.
Só para enfeite
Assim como no caso de Ana Clara, a varredura em busca de imagens de Naiara e do carro branco revelaram que muita gente não dá importância a um monitoramento de qualidade. São diversas situações: câmeras sem qualquer tipo de ligação e usadas como "enfeite" apenas para intimidar possíveis ladrões, câmeras que visualizam imagens sem registrar nada na memória de um computador e aparelhos com péssima resolução que não permitem identificar placas e detalhes de veículos.
Se o cenário na área privada não é exemplar, a situação no setor público não é tão diferente. As 51 câmeras do Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) exigem um sistema mais moderno. Inicialmente, as câmeras públicas foram instaladas na área central para inibir e reduzir os frequentes roubos ao comércio. Com a ampliação do sistema, mais aparelhos foram instalados em pontos considerados estratégicos pelos órgãos de segurança pública.
A maioria das câmeras está localizada nos acessos da cidade, deixando de fora, por exemplo, pontos como a Estação Férrea, onde ocorrem vários casos de violência e confusões. O espancamento de um jovem durante o Carnaval, em pleno centro da cidade, sequer foi captado pelas câmeras, pois o equipamento mais próximo não tinha ângulo suficiente para o flagrante.