
Ainda assustado com a violência das agressões a sua família e funcionários, o agricultor de 67 anos que teve a casa invadida por bandidos em Fazenda Souza, no interior de Caxias do Sul, relatou os momentos de pânico que viveu durante o assalto a sua propriedade na manhã deste domingo. Os nomes da vítimas serão preservados.
À reportagem, o dono da propriedade rural disse que quatro assaltantes usando toucas ninja invadiram a propriedade, renderam primeiro um funcionário que estava no pomar, onde são cultivadas peras, maçãs e pêssegos, entre outras frutas, e, depois, três famílias inteiras de trabalhadores que estavam em suas casas, na mesma área, até chegar na residência dele e render também a sua mulher de 55 anos.
Dois assaltantes estavam armados e eram mais agressivos, segundo o idoso. Outros dois eram mais calmos e atuaram como motoristas. Os dois mais agressivos ameaçaram e bateram nas vítimas com tapas e chutes. O tempo todo, pediram dinheiro e armas, conforme o agricultor.
– Parecia uma cena de guerra. A gente nunca imagina viver uma situação assim. Porque somos criados com humildade, com educação. Coisa mais triste – lamentou o idoso.
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Os bandidos colocaram os reféns em um porão, reviraram a casa, torturaram psicologicamente a mulher do agricultor, ameaçando de morte o idoso, e fugiram levando 12 pessoas – entre elas, duas crianças e um bebê de um ano – como reféns.
Ao final da manhã, os assaltantes colocaram as vítimas e os objetos roubados dentro de dois carros e os abandonaram em dois pontos diferentes, mas próximos, em localidades no interior, sem as chaves dos veículos. Os ladrões teriam entrado em uma espécie de atalho, onde teriam sido resgatados por um suposto comparsa em um carro e fugido levando dinheiro e objetos. Ao serem abandonadas, as vítimas foram ordenadas a ficarem com as cabeças abaixadas e, por isso, não viram o carro no qual fugiram os bandidos.
A Brigada Militar fez buscas na região, mas ninguém foi preso, até o fechamento desta edição.
Confira trechos da entrevista:
Pioneiro: Como foi a ação dos bandidos?
Agricultor: Levantamos cedo. Um funcionário estava no pomar. Eles (bandidos) chegaram nele, armados, em quatro, e renderam ele. Daí, encapuzaram ele e desceram para as casas. Foram passando na casa de todos os funcionários. Iam sequestrando, ameaçando e amontoando as pessoas. Até que chegaram onde eu estava, no galpão. Desceram com minha esposa de refém, mandando entrar (na casa) e colocar mãos para cima. Diziam: "Vamos lá para dentro. Queremos dinheiro." Colocaram todos no porão. Um ficou cuidando eles. Dois (ficaram) com minha esposa entrando nas peças, revirando escritório. Minha esposa está com hematoma. Eles surraram ela e diziam: "Vamos matar o patrão."
Vocês foram agredidos?
Eles batiam sem dó. Davam tapas e chutes. Cutucavam com a arma na gente. E diziam: "Te mato, te mato." Aí, me levaram para dentro de um carro. Um ficou comigo lá. E começaram a torturar minha esposa: (Falavam) "Vamos matar ele. Cadê o dinheiro. Vamos matar." Eram dois bandidos mais agressivos e dois calmos, que pareciam empregados dos outros, para dirigir. Na hora a gente não se assusta muito, mas depois... (se emocionou) a gente fica ruim.
E como vocês foram libertados?
Nos carregaram em dois carros e levaram para estrada dos romeiros, para o meio do mato. Tiraram a chave do carro e largaram a gente lá. Eles disseram: "Nossa meta não é levar carro. A gente quer arma e dinheiro só."
Vocês conseguiram ver o carro em que eles fugiram?
Não vimos ninguém. Porque onde nos largaram era longinho. Saíram por um atalho, no meio do mato, correndo.
O que senhor espera que aconteça agora?
Esperamos que localizem eles, porque ninguém merece ser torturado. Levaram dinheiro e coisas. Mas estamos todos vivos aqui. No mais, a gente fica com trauma dessa situação.