No domingo que alternou sol intenso e céu nublado em Caxias do Sul, duas festas levaram milhares de foliões de diferentes tribos às ruas da cidade, ainda em clima de Carnaval. No centro, o Maracaxias celebrou a cultura do Carnaval de rua nordestino com muito maracatu e frevo, além das tradicionais marchinhas. A festa, realizada na Rua Alfredo Chaves, ficou por conta da união dos grupos Baque dos Bugres, de Caxias, e Truvão, de Porto Alegre, seguida da orquestra Frevo Ma Non Troppo e de Dan Ferretti e os Homens da Meia Noite, que se apresentarão ao anoitecer.
Em sua terceira edição, o evento conquista cada vez mais adesão, mostrando o crescimento da cultura dos ritmos ancestrais em Caxias não apenas neste período, mas também ao longo do ano, com a afirmação de grupos como o Zingado e o Sucata Sonora, além do Baque dos Bugres. Paulistano e filho de pernambucanos, o guia de turismo Márcio Nunes, 37 anos, que assistia às apresentações com a irmã Bruna, 28, elogia a iniciativa de agregar diferentes nichos:
— É uma coisa que sempre aconteceu no nordeste e que Caxias do Sul está de parabéns em promover. Durante muito tempo imperou por aqui a cultura do "não pode". Mas por que que não pode? Todos saem ganhando com essa integração. O maracatu de Caxias não perde em nada para o de Olinda ou de Recife — avalia Márcio.
O Carnaval do maracatu segue em Caxias no próximo fim de semana, com a Troca de Carnaval do grupo Zingado, que levará a música e diversas brincadeiras a alguns bairros da cidade, ainda não divulgados. Vale ficar ligado na página do evento no Facebook.
Pagode e rap no Pioneiro
Na quadra da escola de samba Incríveis do Ritmo, a saída encontrada para agregar o maior número de pessoas ao carnaval no bairro Pioneiro foi diversificar as atrações. Além da bateria da escola, centenas de pessoas puderam sambar com os grupos de pagode Nosso Samba e Grupo Afim, além de curtir a apresentação do rapper W Negro. Para a noite, ainda haveria apresentações de cantores sertanejos.
No segundo ano em que Caxias do Sul passa o Carnaval sem desfile das escolas, por falta de apoio da prefeitura, o presidente da Incríveis, Solano Garcez, ressalta que o momento é de união das agremiações na busca por soluções. Contudo, a festa não pode parar:
— Não é o momento de se pensar em fazer desfile. Talvez isso ainda leve alguns anos e seja preciso muitas discussões. O que precisamos agora é mostrar que escola de samba não é só festa, mas também preocupação com a cultura das comunidades.
Para a aposentada Ivone Minotti, 60 anos, que acompanhava a festa com o marido Bruno Minotti, 63, a festa realizada no próprio bairro não lembra em nada os bailes de antigamente, mas foi uma saída para a falta de opção que marca a Caxias do Sul atual:
— Hoje as pessoas não têm mais para onde ir. Mudou muito do que era no nosso tempo, quando havia clubes, ou mesmo de anos atrás, com os desfiles. Uma festa como essa, se for bem organizada e não der briga, é uma saída para quem não quer ficar sem o Carnaval.