Um grupo de indígenas ficou poucos dias em Flores da Cunha, mas a rápida passagem trouxe muita dor de cabeça para a prefeitura. Segundo o Executivo, 44 índios chegaram na cidade no final de novembro e se instalaram em um terreno próximo ao Parque da Vindima. Na última quarta-feira, o grupo foi embora e, de acordo com a administração municipal, deixou a área onde estavam em péssimas condições.
Árvores foram cortadas irregularmente e os banheiros disponíveis no local foram depredados. Além disso, objetos e alimentos doados pela comunidade teriam sido queimados antes da saída. A prefeitura afirma que encontrou restos de bicicletas e roupas no terreno. A intenção do grupo, de acordo com os relatos repassados pelo Executivo, era de vender artesanato na cidade da Serra durante o verão.
— Assim que chegaram, eles vieram até a prefeitura para solicitar a permanência naquele local. Fizeram um cadastro e passaram a receber todos os auxílios a que tinham direito. Mas a população doou muita coisa também e eles devem ter saído com o que conseguiram carregar. Nosso alerta é para que as pessoas que desejam ajudar, procurem a prefeitura para saber qual a melhor forma e também para evitar desperdícios — diz Ricardo Espíndola Silva, titular da Secretaria de Desenvolvimento Social de Flores.
Ainda de acordo com o secretário, é comum que índios se instalem na cidade para vender artesanato nesta época. No entanto, este seria o primeiro caso registrado de vandalismo. Desta vez, também segundo a prefeitura, foram registradas diversas denúncias no Conselho Tutelar. Moradores teriam informado que as crianças indígenas estavam sendo obrigadas a pedir dinheiro pelas ruas.
Prefeitura de Charrua desconhece prática
A secretária municipal de Administração de Charrua, cidade que seria a de origem do grupo que se instalou em Flores da Cunha, Jessica de Giacometti, afirma que não sabe se os índios eram mesmo de lá. Ela diz que é comum que grupos se desloquem para outras cidades para vender artesanato.
De acordo com a prefeitura, 43% da população de Charrua, município com pouco mais de 3 mil habitantes, é de origem indígena. Charrua fica distante 270 quilômetros de Caxias.
— É da cultura deles essa prática, mas não acompanhamos essas mudanças. Não saberia dizer se eles têm como costume queimar objetos, nunca tinha ouvido isso — afirma.
Um dos representantes do grupo de indígenas foi procurado pela reportagem, mas não foi encontrado. O telefone de Pedro Paulo, repassado pela prefeitura - que retirou o número do cadastro feito pelos índios em novembro -, chamou diversas vezes durante a manhã e também pela tarde. A prefeitura de Charrua não soube informar uma maneira de contatar o grupo.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) também foi procurada pela reportagem, mas até as 15h30min não havia retornado.