Depois de três noites dormindo em um carro, a família de Flores da Cunha que teve o apartamento invadido finalmente conseguiu reaver a moradia. A diarista Juscelaine Quintanilha, 32 anos, o marido, o calceteiro Juares Vargas Gomes, 34 anos, e o filho do casal, João Mateus, sete anos, entraram no imóvel por volta das 17h desta quarta-feira (31). Cerca de duas horas antes, a família que havia ocupado o apartamento deixou o local após ser notificada pela Justiça.
O caso começou quando Gomes e Juscelaine retornavam ao Residencial Flores da Cunha, no bairro União, no último domingo (28), e foram avisados de que a moradia tinha sido ocupada por outro casal com três filhos. O condomínio foi erguido por meio do programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, para realocar 80 famílias que moravam em uma área invadida no município.
Daquele momento em diante, o casal, que têm a propriedade do imóvel, começou uma verdadeira saga junto aos órgãos públicos do município para tentar reaver a casa. Sem ter onde ficar, a família pernoitou dentro do carro estacionado num posto de combustíveis.
— O pior com certeza foi ter que dormir no carro — relata Juscelaine sobre o período fora de casa.
Eles souberam que o imóvel havia sido retomado por volta das 15h30 desta quarta. No Fórum de Flores da Cunha, receberam as chaves e foram avisados de que a família invasora ainda estava no condomínio, com os móveis no corredor. A oficial de Justiça Gabriele Ederich, relatou que a família, que já havia sido avisada da reintegração de posse, deixou o local sem problemas e retirou apenas o que havia levado para dentro do apartamento: sacolas com roupas, uma cama e um berço.
Mesmo assim, Gomes e Juscelaine hesitaram em voltar ao imóvel. Temerosos pela presença dos invasores, queriam o apoio da polícia para entrar no apartamento, mas não tiveram sucesso. Por volta das 17h, decidiram voltar ao local assim mesmo. O Pioneiro acompanhou a entrada. Não havia presença dos invasores e nem marcas de qualquer movimentação anterior, exceto pelos móveis no corredor.
— O importante é que estamos aqui — declarou Gomes, aliviado.
A família notou a falta de algumas lâmpadas e alimentos e do deslocamento de móveis de um quarto para outro, mas vai avaliar se houve mais perdas e quais serão os próximos passos. Por enquanto, o morador relata que só quer retomar a vida.
— Passam várias coisas na cabeça da gente, mas agora só queremos colocar as coisas no lugar e seguir com a vida. Mas a gente fica com receio, de sair e isso poder acontecer de novo — diz Gomes.