Mercedes Grande Argenta, 82 anos, estava incrédula durante a beatificação do padre João Schiavo, em Caxias do Sul, neste sábado. Ocupando a primeira fila do público geral, ela não continha as lágrimas a cada olhada que dava para a foto do beato João Schiavo. A gratidão pelo italiano veio de família, já que Schiavo costumava visitar a obra do Colégio Murialdo, na região central de Caxias, e distribuir comida aos trabalhadores. Entre eles estava o pai de Mercedes, João Grande. O pedreiro João ensinou à filha:
— Fale mal de quem quiser, menos do padre João Schiavo. Ele é um santo.
Meio século depois de chorar a morte de Schiavo, Mercedes assistia ao padre se tornar beato. Logo ao lado da aposentada moradora do Madureira, havia gente que falava outros idiomas. Era o caso do argentino Miguel Angel Felis, 72 anos, morador de Mendoza. Ele viajou exclusivamente para prestar homenagem ao padre, junto a outros 160 argentinos, que chegaram de avião na sexta-feira e ficarão em solo caxiense até a quarta-feira.
— Ele foi um pregador que fez muito bem a esse povo, um homem de ações sociais, e não só de palavras — nos, já com fama de santo.
A celebração também tinha milhares de jovens que atuaram da acolhida até nos cantos. Três deles permaneceram compenetrados durante a celebração, e sabiam a história de Schiavo na ponta da língua. Aline Querino, 24 anos encarou 18 horas de ônibus de Londrina até Caxias do Sul. Já João Pedro Figueredo, 17 anos, voou de Planaltina, Distrito Federal. A dupla estava na companhia do caxiense Gustavo Pedrotti, 17 anos: os três são ligados à Rede Nacional de Juventude de Murialdo, e não desperdiçaram a chance de assistir a uma beatificação.
— Nós fizemos uma sala temática que ensina a vida e as ações do padre, é um projeto que crianças e adolescentes podem aprender mais sobre ele — afirma Aline.
Confira o vídeo com os principais momentos da cerimônia:
Também veio de longe um grupo com centenas de Mães Apostólicas, movimento fundado por Schiavo e que se espalha por todo país. As mães de Jaçanã, distrito de São Paulo, desembarcaram na sexta-feira. Elas visitam o túmulo do mentor a cada dois anos, e a oportunidade de vê-lo beato tornou tudo mais especial.
— A nossa paróquia pertence à congregação josefina, então conhecemos bem a história dele. É um momento muito importante, de muita oração e agradecimento — avalia a secretária Angelica Plix, 53 anos.