O anúncio da interrupção temporária dos atendimentos no pronto-socorro do Hospital Geral de Caxias do Sul não surpreende a secretária municipal da Saúde, Deysi Pievosan. Segundo ela, quase semanalmente as instituições de saúde comunicam a limitação dos serviços para amenizar a demanda quando há registros de maior procura por dias consecutivos.
De acordo com a titular da pasta, por não ter havido um aumento significativo na procura pelo Pronto-Atendimento 24 Horas (Postão), a prefeitura não deve tomar nenhuma medida de reforço nos atendimentos.
– Entrei em contato com a nossa diretora, que me informou não ter sido registrada demanda maior do que o normal, que, como todos sabem, já é bastante intensa. Isso até reforça que essa medida é adotada de forma recorrente pelas instituições de saúde – informa.
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Da mesma forma, ela comenta que não se aplicam as justificativas do HG de que a greve dos médicos do Sistema Único de Saúde (SUS), que dura mais de dois meses, e a desorientação da população na procura do pronto-socorro para atendimentos de baixa complexidade influenciem a superlotação alegada.
– Participei da implantação do primeiro pronto-socorro de Caxias lá em 1991 e, portanto, sei que os problemas são os mesmos. É de conhecimento que 80% da demanda é de baixo risco. E a média de atendimentos no Postão se mantém nos mesmos patamares há um bom tempo, com ou sem a paralisação dos médicos. Não podemos trazer como novidade algo que já é histórico – acrescenta.
HG quer continuidade de convênio, mas prefeitura não confirma mais verbas
Além da continuidade dos repasses regulares pela União, Estado e prefeitura – cujo valor é de R$ 5 milhões/mês, a direção do Hospital Geral está solicitando ainda a renovação da chamada verba de subvenção, que havia sido acordada durante a gestão de Alceu Barbosa Velho (PDT) e destinava mensalmente R$ 250 mil ao HG.
Sobre a reivindicação, a secretária de Saúde, Deysi Piovesan, ressalta que o assunto deve ser tratado prioritariamente com o Estado e adianta que não há viabilidade de o município se comprometer com a situação, embora esteja aberto para diálogo.
– O Estado que é o responsável pela manutenção dos serviços. Além disso, é inviável absorvermos um novo compromisso financeiro. Entendemos o hospital, mas se ficarmos complementando as necessidades da atenção hospitalar, teremos de desistir da rede básica, que é a nossa principal responsabilidade – justifica ela.
A competência do Estado pelo HG é reconhecida pela titular da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde, Solange Sonda. Ainda assim, segundo ela, isso não abstém o município da possibilidade de se envolver na situação:
– O HG é do Estado, sim, mas o município é quem tem a gerência. Além disso, a instituição está localizada no território de Caxias, então o convênio pode ser renovado se a prefeitura quiser.
Por outro lado, ela comenta que o pedido do hospital está sendo considerado pelo governo estadual e uma reunião deve ocorrer em curto prazo.