A morte de Paulo Bellini, um dos fundadores e presidente emérito da Marcopolo S.A., na manhã desta quinta-feira, provocou luto e comoção entre os colegas empresários de Caxias do Sul e região. Ainda pela manhã, diversos amigos manifestaram suas condolências. Bellini estava internado no Hospital da Unimed para se recuperar de uma infecção, e morreu por falência múltipla de órgãos.
Presidente do conselho de administração e diretor-presidente da Agrale S.A., Hugo Domingos Zattera, amigo de Bellini há mais de 30 anos, destacou que a perda não é apenas para Caxias, já que a Marcopolo se transformou em referência mundial. Os dois se conheciam há mais de 30 anos:
_ A perda do Paulo é para mim uma perda dupla. Profissionalmente, porque se construiu junto uma operação que tem muito êxito. Pessoalmente, porque ele era uma pessoa agradável, bem humorada. A gente se conhecia muito e eu lamento estar em deslocamento para um compromisso em Santa Catarina, neste momento. Decerto que a obra dele fica.
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O presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho (Simplás), Jaime Lorandi, também chorou a perda de um dos líderes do empresariado da região.
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– Além de um amigo, perdemos um líder e uma referência de pioneirismo da indústria de transformação e transportes. Um empresário responsável pela liderança na geração de empregos e renda a milhares de trabalhadores e suas famílias por décadas. O Brasil tem uma importante parcela de seu desenvolvimento social e econômico devidos ao empreendedorismo, à criatividade e à visão privilegiada de Paulo Bellini – lamentou Lorandi.
Opinião semelhante sobre o legado de Bellini para o desenvolvimento de Caxias do Sul tem o presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, Nelson Sbabo:
– Não é só a comunidade empresarial que perde um grande personagem. Acho que Caxias, a região, o Estado, o país perdem uma pessoa que foi muito empreendedora e um visionário. Conseguiu transformar uma pequena marcenaria, onde os ônibus eram montados em madeira em cima de chassis de caminhões, em uma das maiores empresas encarroçadeiras de ônibus do mundo. Ele não gostava muito de ficar no escritório, sentado. Gostava de participar da produção, fazendo contato diário com os seus funcionários no chão de fábrica. Isso o tornou uma pessoa muito querida dos funcionários. Vai fazer muita falta.
Milton Corlatti, por sua vez, lembrou o apoio que recebeu de Bellini quando chegou à presidência da CIC, e ressaltou o caráter agregador do amigo:
– O Paulo era uma pessoa que deveria viver eternamente, porque era um conciliador, tinha uma vivência muito grande, e foi um grande empreendedor. Ele sempre foi um grande agregador, gostava de festas, organizava jantares, gostava do golfe. Foi a pessoa que mais me apoiou para eu ser presidente da CIC e me ajudou muito. A última vez que falei com ele foi em abril ou maio deste ano. Eu estava convidando para ele fazer uma palestra, para uma turma de amigos, e ele me disse que tinha combinado com a família que a partir dos 90 anos ele não faria mais palestras.
Heitor José Müller, presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), afirmou que Bellini era um dos ícones da indústria do Rio Grande do Sul:
– A história que ele construiu, assim como outros, está relacionada ao crescimento de Caxias do Sul e região. E não ficou só em Caxias, espalhou fábricas ao redor do mundo. É uma pena que não tenhamos mais Paulo Bellini, porque onde há indústria há desenvolvimento, onde há desenvolvimento, há empregos. Lembro sempre que encaminhamos o prêmio Mérito Industrial Nacional, em 2013, quando ele lançou um livro em que aparecia sentado no chão de fábrica, para mostrar como era limpo. Vai fazer falta. Ele viveu intensamente a vida dele e deixou um legado fantástico.
Paulo Bellini era viúvo e deixa três filhos Mauro, James e Paulo (Paulinho), e duas netas: Tais e Gabrielle. O velório será no Memorial São José, em frente ao Cemitério Público Municipal, a partir das 15h. Bellini será cremado às 15h de sexta-feira.
Presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), Reomar Slaviero, observa que Bellini foi presidente da entidade nos anos 60:
– A gente perdeu um grande empresário, de uma inteligência estratégica, que teve uma visão muito antecipada, porque conseguiu transformar essa potência que é a Marcopolo e também um grande parceiro. Ele participava muito da comunidade, inclusive foi presidente do Simecs de 1962 a 1964. É uma perda, mas ele deixa um legado, essa história que ele fez, não só como empresário, mas como parte da comunidade caxiense.
Slaviero acrescenta que o amigo era torcedor e apoiador da SER Caxias:
_ Quando fui presidente do Conselho do Caxias, quando fomos campeões (do Campeonato Gaúcho, em 2000), a gente pode ver que ele tinha uma paixão. Ele era um torcedor do Caxias também. Naquela ocasião, lembro que levei para ele uma medalha, porque ele sempre foi um apoiador.