A presença do agente fardado nas ruas é uma prioridade da Brigada Militar (BM) e da Guarda Municipal em Caxias do Sul. A falta de efetivo, contudo, afasta os policiais da visão da comunidade. A única exceção ocorre na Praça Dante Alighieri, onde um ônibus de videomonitoramento atua como base da Guarda Municipal desde o final do ano passado. A iniciativa ajudou diminuir a sensação de abandono da praça e ampliou a segurança. Apesar de não ter números, a Polícia Civil aponta que houve a redução de ocorrências na praça e entorno.
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A maioria das reclamações ainda gira em torno de furtos, consumo de drogas, perturbação do sossego e transtornos causados por bêbados e flanelinhas. Contudo, as imediações da Praça já foram palco de crimes violentos. Em agosto do ano passado, por exemplo, quatro pessoas foram baleadas após um assalto a joalheria Caprice, na Rua Marquês do Herval. Dois anos atrás, na manhã de 13 de fevereiro, o andarilho Rodrigo Luiz Gaik, 38 anos, foi morto a facadas ao lado do chafariz.
O posto móvel foi deslocado para o ponto turístico ainda em novembro como reforço da segurança na época de Natal, período de maior circulação de dinheiro e pessoas no comércio. Ao assumir a Secretaria Municipal de Segurança Pública em janeiro, José Francisco Mallmann fixou o veículo como base da Operação Centro Legal, que combate as vendas irregulares. O consenso é que veículo se tornou uma referência para a população, algo que faltava na área central.
– A praça reúne bastante gente e, às vezes, são mais pessoas ruins que boas. Antes não tinha ninguém. Agora as pessoas sabem a quem procurar. Só da Guarda estar por aqui já diminui aqueles tumultos que davam – opina a aposentada Dejanira Furlan, que frequenta a Praça Dante.
No entanto, alguns populares pedem uma ação mais efetiva dos guardas frente aos delitos que continuam a acontecer, caso do taxista Edson Santos. Do ponto da Rua Marquês do Herval, ele nota a indiferença dos agentes diante de algumas situações.
– É só vir de manhã, por volta das 8h, que tu vê os bêbados no banco. Há aqueles que usam drogas próximo das árvores. Esses caras incomodam quem passa, principalmente mulheres. Assaltos acontecem também: semana passada foi uma moça que saiu gritando por ajudar. Eles (guardas) não se importam. Se reclamarmos do que está acontecendo, eles mandando a gente cuidar do nosso serviço – relata.
BM gostaria de estar mais presente no Centro
Se fazer visível com o policiamento a pé e a cavalo, é uma das prioridades do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM) para a área central. Contudo, o capitão Diego Soccol admite que as ações dependem da disponibilidade de policiais. No atual cenário, em que o efetivo é menor que a metade do idealizado para a cidade, as ações preventivas são as mais prejudicadas.
– Quanto maior o fluxo de pessoas, mais chances de ocorrer furtos e roubos. Por isso, o Centro é tão visado. Os melhores resultados são quando colocamos mais PMs nas ruas, o que, infelizmente, está reduzido. A presença da Guarda na praça nos apoia bastante neste sentido – aponta o comandante da 1ª Companhia.
A delegacia responsável pelo Centro aponta que, apesar de não existir uma estatística oficial, é sensível a redução de casos. Se antes, era comum chegar ocorrências na mesa do delegado Vítor Carnaúba em relação à Praça Dante, hoje isso se tornou raro.
– Percebemos visualmente que houve uma diminuição, mas não temos os números. É muito positiva a presença deles na Praça e esta atuação constante realizada, principalmente contra venda de produtos ilegais. Praticamente todos os dias a Guarda está no plantão apresentando alguma ocorrência – relata o delegado Vitor Carnaúba, titular do 1º Distrito Policial.
Para a Guarda Municipal, estar na Praça Dante é forma de evidenciar a aproximação com a comunidade. A meta era manter outros postos permanentes, contudo a falta de servidores prejudica o planejamento. Recentemente, os guardas que ficavam nas Estações Principais de Integração (EPIs) e no Parque Cinquentenário tiveram que ser transferidos para atuar nos Pavilhões da Festa da Uva para substituir seguranças privados. Com isso, a direção da empresa Festa da Uva SA pretende economizar cerca de R$ 30 mil por mês.
– O cobertor está curto, mas a praça é um cartão de visitas da cidade e a nossa presença é para melhorar a tranquilidade do Centro. Recebemos elogios da comunidade sobre a melhora da praça – afirma o diretor da Guarda Municipal, Jeferson Ricardo Vargas.