A Polícia Civil de Caxias do Sul alerta sobre uma sequência de golpes do bilhete que vêm sendo aplicados na cidade. Apenas no primeiro trimestre de 2017, sete ocorrências foram registradas. O número, no entanto, deve ser ainda maior porque muitas vítimas sentem vergonha ao perceber que foram enganadas e não denunciam o crime. Os casos ocorreram entre 10h e 15h, na área central. As vítimas são mulheres de 53 a 76 anos.
Responsável por esclarecer estes crimes, a investigação do 1º Distrito Policial (1º DP) explica que, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, o golpe não se trata de uma pessoa querendo vender um bilhete premiado. Trata-se de uma história elaborada para mexer com os sentimentos da vítima e é composto de dois personagens. O primeiro é quem aborda a vítima com a missão de pedir ajuda e despertar nela o sentimento de pena. O segundo aparece durante a conversa para dar veracidade à história e oferecer ajuda. É ele quem sugere que a vítima dê uma prova de confiança, ou seja, o dinheiro.
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Os policiais relatam que a conversa dos estelionatários é tão sedutora que as vítimas demoram a perceber que foram enganadas e, mesmo na delegacia, não aceitam ajuda. A preferência dos golpistas é por idosos porque, muitas vezes, estes sentem falta de alguém para conversar, o que os torna mais vulneráveis a estranhos. A recomendação da polícia é que as pessoas conversem e alertem seus familiares. A prevenção é importante pois, como o golpe envolve dinheiro em espécie, a recuperação dos valores é quase impossível.
Peça ajuda ao banco
Para dificultar a investigação policial, os estelionatários costumam migrar por diversas regiões. Eles aplicam golpes em um município e, antes que a polícia se mobilize, vão para próxima cidade. Entre junho e agosto do ano passado, por exemplo, o paranaense Mykon Cristiano Evangelista de Souza, 37 anos, foi reconhecido em golpes praticados em Farroupilha e Caxias do Sul. Apesar de possuir antecedentes e ser indiciado por três crimes, ele foi autorizado a responder ao processo em liberdade.
De acordo com a Polícia Civil, os grupos costumam ser compostos por três ou mais golpistas. Para dificultar os reconhecimentos, eles se revezam para abordar as vítimas. Os demais ficam em um carro, dando cobertura.
– São muitos estelionatários que estão agindo e, pelo que esclarecemos, a maioria é de Passo Fundo. Se a vítima desconfiar do golpe, a recomendação é pedir ajuda quando for ao banco, avisando que está sendo vítima de um golpe. O banco acionará a polícia. Anotar a placa do carro dos criminosos também ajuda – diz o delegado Vitor Carnaúba.
Depósito bancário
Outro golpe que vem crescendo é o do depósito bancário. O contato é feito por telefone, e o golpista combina a compra de um produto com a empresa. Mais tarde, ele liga novamente e relata que a secretária fez confusão e depositou um valor acima do combinado. O estelionatário diz que precisa do dinheiro e pede que a vítima transfira a diferença. Quando verifica o extrato, a vítima vê que há um depósito agendado no valor mencionado. Só que o envelope depositado pelo estelionatário está vazio e o dinheiro não entra.