A informação de que terá que retirar o Museu do Comércio do parque da Festa da Uva, em Caxias do Sul, pegou de surpresa a direção do Sindilojas, que administra o espaço há 17 anos. Na segunda-feira, a entidade recebeu um "termo de notificação para desocupação do imóvel alugado" que se refere à locação da Casa 9 da Réplica Caxias. A notificação concede um prazo de 90 dias para que o Sindilojas desocupe o imóvel, que abriga todo o acervo reunido e catalogado e que conta a história do comércio da cidade.
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A entidade afirma que todas as obrigações legais, incluindo o pagamento do aluguel do imóvel, estão em dia, mas que vai cumprir a decisão e buscar um novo local para instalação do Museu.
– Fomos surpreendidos com esse aviso intempestivo e vamos buscar um imóvel para o Museu do Comércio, que merece ser visitado e serve de exemplo para que as futuras gerações valorizem o trabalho feito pelos empreendedores que atuam no comércio em nossa cidade – lamenta o presidente do Sindilojas, Sadi Donazzolo.
O diretor administrativo e financeiro da empresa Festa Nacional da Uva, Turismo e Empreendimentos S/A, Cleiton de Bortoli, explica que outras empresas e entidades que administram espaços no Parque, as que ocupam as réplicas, por exemplo, também receberam o mesmo aviso prévio para desocupação. Ele diz que a medida foi tomada em função da estratégia da nova administração, que é de fomentar e alavancar o turismo em Caxias:
– Ninguém está sendo expulso. Estamos vendo que alguns serviços estão se deteriorando dentro do Parque, atrações que só funcionam no período da Festa da Uva. Do jeito que as coisas estão, não dá para continuar. O que nós queremos, então, é reavaliar atividades. O prazo dado ao Sindilojas foi de 90 dias, mas queremos conversar antes. Existe a possibilidade de eles permanecerem ali, claro, mas com outros critérios.
De Bortoli reitera que essa decisão é da empresa Festa Nacional da Uva, Turismo e Empreendimentos S/A, e não da prefeitura. Salienta que a medida não envolve o descumprimento de questões legais, como o pagamento de aluguel.
– Esses espaços pagam um valor simbólico para estarem ali, cerca de R$ 200 ou R$ 300 mensais. A decisão é para deixar o parque atrativo, para que os turistas deixem de ir para Garibaldi e Bento Gonçalves, e fiquem em Caxias – acredita.
O Museu do Comércio é uma reprodução de um armazém de secos & molhados do final do Século 19. Objetos como móveis, rolos de fumo e chapéus reproduzem fielmente um estabelecimento comercial da época em que os imigrantes chegaram.