Depois do Carnaval de rua, outro evento cultural e comunitário foi cancelado em função da contenção de gastos imposta pelo prefeito Daniel Guerra (PRB) para colocar as contas em dia. Nesta segunda, uma coletiva anunciou o o cancelamento do 20º Rodeio Internacional Campo dos Bugres, que ocorreria de 15 a 19 de março. O patrão do CTG responsável pelos festejos, Rubens Tissot, afirmou que o rodeio não ocorrerá porque a prefeitura divulgou que não pagará pelo aluguel dos Pavilhões da Festa da Uva. Fora os gastos que teriam que ser levantados para a realização das provas campeiras e artísticas, em torno de R$ 500 mil, o CTG ainda teria que desembolsar cerca de R$ 120 mil pela locação da estrutura.
– É um absurdo, nunca levantaríamos essa verba. Sabíamos que, em função da crise, a prefeitura não nos daria R$ 1, mas eles sempre nos ajudaram com os Pavilhões. O rodeio é um evento da cidade. Sem ele, perde a cultura, o lazer, o turismo – lamenta Tissot.
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A determinação de não pagar pelo aluguel dos Pavilhões, seja para o rodeio ou para outras atividades, é reflexo da determinação do prefeito de fazer com que a prefeitura não seja promotora de eventos, segundo o Chefe de Gabinete Júlio César Freitas da Rosa. De acordo com ele, o município não tem condições de arcar com mais despesas e que a hora é de segurar os gastos:
– Assim como não disponibilizamos recursos para o Carnaval, não vamos disponibilizar para o rodeio. Não temos como patrocinar diante das contas que temos. A prefeitura vai continuar apoiando os eventos que utilizam a estrutura do município. Fora isso, o critério será o mesmo para todos.
O não pagamento do aluguel para a locação da Festa da Uva pela prefeitura também pode inviabilizar o Homens na Cozinha, evento beneficente que é realizado há 15 anos. Ele tem data para acontecer (8 de abril), 40 cozinhas já confirmadas, mas uma reunião com Guerra na próxima quinta é que definirá como a atividade será organizada. O valor do aluguel para esse evento seria de R$ 40 mil.
– Esse é um evento 100% beneficente e sempre tivemos a isenção desse aluguel justamente para conseguir ajudar mais as entidades. Na última edição, arrecadamos R$ 240 mil e auxiliamos 31 entidades, muitas que não podem contar com o poder público. Nossa esperança é de que o prefeito se sensibilize – espera Diego Biglia, diretor financeira e de comunicação e eventos da Câmara de Dirigentes Lojistas de Caxias do Sul (CDL).
Sem chance de não cobrar
O presidente da Festa da Uva, Cleiton de Bortoli, explica que a empresa sempre cobrou pela locação do espaço e que não pode simplesmente deixar de arrecadar. Segundo ele, o Parque sobrevive principalmente em função das locações:
– Não existe a possibilidade de não cobrar para fazer um evento no espaço. Como vamos manter o parque, com quais recursos? Gostaria que esses eventos fossem realizados tanto quanto os organizadores, mas não há como cobrar isso da prefeitura ou da empresa Festa da Uva. A crise está aí para todos.