A crise das santas casas e hospitais filantrópicos só não é maior na Serra devido ao aporte financeiro repassado pelas prefeituras. Levantamento no Estado mostra que 60% das instituições enfrentam problemas para pagar a folha de dezembro dos funcionários devido aos atrasos de recursos que deveriam ser encaminhados pelo governo gaúcho, segundo a Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Estado.
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Presidente da Rede Serrana de Hospitais (Hospiserra), entidade que representa hospitais de 17 municípios, Edson Luiz Izolan considera que, além de pressionar o governo estadual, é preciso cobrar da União.
– É preciso reescalonar as responsabilidades. Quando a União municipalizou a Saúde, deixou de aportar recursos e estrangulou os municípios. Ao mesmo tempo, a tabela de repasses do governo federal para o SUS está defasada. Como os estados estão quebrados, considero que uma mudança no modelo de custeio da Saúde só pode partir da União – afirma.
O Hospital São Carlos não conseguiu recursos para pagar a segunda parcela do 13º salário, o que no dia 30 de dezembro provocou a paralisação dos funcionários. A greve segue por tempo indeterminado. Ao lado, a situação de alguns hospitais que atendem pelo SUS na Serra.
SITUAÇÃO
Bom Jesus
O hospital tem dependido de recursos do município para manter em dia o pagamento dos funcionários. Mesmo assim, houve atraso na segunda parcela do 13º salário, que será paga esta semana junto com a folha de dezembro, segundo o administrador Alexander Deliz.
Canela
No Hospital de Canela, o convênio da prefeitura com a entidade é de R$ 900 mil por mês, divididos entre município, Estado e União. De acordo com o diretor, Jean Carlo Stall, embora a operação esteja no vermelho devido ao atraso nos repasses do Estado, o salário dos servidores será pago com os recursos que o município repassa à entidade, na ordem de R$ 286 mil/mês. O pagamento aos médicos e outras operações serão cumpridos com recursos da União.
Caxias do Sul
Em Caxias do Sul, os cinco meses de atraso nos repasses do Estado ao Hospital Pompéia, o maior da Serra, representam R$ 2,3 milhões. Apesar disso, de acordo com o superintendente do Pompéia, Francisco Ferrer, a folha salarial está em dia, assim como o pagamento do 13º salário também foi feito integralmente. Segundo Ferrer, outro problema grave é a defasagem da tabela de repasses da União, cujos valores são insuficientes.
O Hospital Geral (HG) tem mantido o atendimento com auxílio do município.
Flores da Cunha
Foi preciso uma readequação financeira para garantir o pagamento em dia dos 98 funcionários do Hospital Fátima. A diretora financeira, Cristiane Zin, diz que a direção se precaveu: houve a redução de custos e equilíbrio das contas para garantir salários e 13º salários em dia.
Garibaldi
O Hospital São Pedro mantém o salário dos 170 funcionários em dia, inclusive o 13º. De acordo com o administrador da entidade, Jaime Kurmann, isso tem sido possível graças a parcerias com outros municípios que são atendidos pelos hospital, além da boa rede de convênios.
Vacaria
O Hospital Nossa Senhora da Oliveira tem conseguido manter em dia o pagamento dos 380 funcionários da instituição. Segundo o administrador e também presidente da Hospiserra, Edson Izolan, uma decisão judicial favorável ao município de Vacaria tem garantido a pontualidade da maior parte dos repasses do Estado.
Veranópolis
Também foi preciso recorrer a parcerias com outros municípios atendidos pelo Hospital São Peregrino Lazziozi para manter a folha em dia. De acordo com o administrador, Rogério Franklin da Silva, nos últimos dois anos foi necessário aporte da prefeitura para o pagamento do 13º salário.